Quero falar-te e o coração, de comovido,
Perde as palavras que juntara para ti.
Cantar-te sei e apenas isso faz sentido.
Menino de oiro,
Vem sentar-te aqui.
Menino de oiro,
Vem sentar-te aqui.
Por todo o ano é tempo de cantar janeiras.
Mulher da erva, ainda agora a vi passar.
Por mar profundo, terra e todas as fronteiras
Venham mais cinco
Mil p’ra te saudar.
Venham mais cinco
Mil p’ra te saudar.
Pode o sol morrer de velho,
Pode o gelo arder também.
Mas a voz que de ti nasce
Já não morre com ninguém.
No céu cinzento, o astro mudo ainda revela
Um bater de asas, o disfarce do seu pé.
Bebem do sangue, comem tudo, olhai, cautela
O que faz falta
Já se sabe o que é.
O que faz falta
Já se sabe o que é.
Junta-te a nós, ó bairro negro, vem, falua,
P’la noite fora até que se erga o sol do Verão
Solta as amarras, sopra, ó vento, continua,
Que este homem não
Se foi embora, não.
Que este homem não
Se foi embora, não.
Pode o sol morrer de velho,
Pode o gelo arder também.
Mas a voz que de ti nasce
Já não morre com ninguém.
Hélia Correia
Nota do editor:
Poema de Hélia Correia para uma música de Janita Salomé e que faz parte do álbum L’Amar de Filipa Pais.
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