sábado, 31 de janeiro de 2015

A fraude

Disco da atuação do Zeca na Homenagem que lhe fizeram em Coimbra a 26 de maio de 1983.

Neste disco, Zeca canta "Saudades de Coimbra". A gravação do tema do Zeca é uma fraude.


Tínha-se observado que o fado que o Zeca cantou estava muito bom relativamente às condições vocais que o Zeca apresentava já nessa altura. A voz estava demasiada "limpa" sem titubeações o que era impensável e o autor da gravação que dispensou a mesma na net, Leonel Brito, nada referiu sobre o assunto.

Farrapos da Memória

Em pesquisa fui parar a um site onde o guitarrista Octávio Sérgio refere o assunto e onde diz que houve um "arranjo" para que o fado que aparece no disco, esteja tão bem o que veio a confirmar as suspeitas quase certezas.

Dou a "palavra" ao Octávio:

"A 26, foi a homenagem ao Zeca em Coimbra. Fizeram-no estar duas horas ao relento, na Sereia, o que lhe não fez nada bem, dado o adiantado da doença de que padece. Cantou apenas "Saudades de Coimbra" mas não conseguiu chegar ao fim sem lhe falhar a voz. Foi um esforço demasiado que lhe impuseram. Depois das emoções do Coliseu do Porto, necessitaria de uns dias de descanso! Ainda por cima pretendem pôr em disco a sua actuação. Mas como, com as falhas de voz? Zeca Afonso não o vai permitir, assim penso! Resolvem a situação pondo a gravação que fez comigo, juntando-lhe outras guitarras como se ali tivesse sido? A ver vamos!"

... E gravaram mesmo!

Guitarra de Coimbra (Parte I)

Obs: Octávio Sérgio gravou "Saudades de Coimbra" com o Zeca em 1981 e que consta no álbum "Fados de Coimbra e outras Canções" e foi esta a música a que juntaram outras guitarras para parecer que tinha sido gravado nesta homenagem.

A publicação do disco da Homenagem saiu à revelia do Zeca.


quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

O Olhar da Mãe

Maria das Dores

«Quando vejo as crianças de hoje ponho-me a pensar que o Zeca não era tão travesso como isso».
«A canção que eu mais gosto, é "O meu menino é d'oiro". Não gostei tanto das canções políticas. Achava que ele não se devia meter nisso, devia continuar a ser o que era».

In "Livra-te do medo" de José A. Salvador

"O meu menino é d'oiro"


Foto: Zeca vestido de minhota

Poesia do Zeca - É Verdade, É Verdade

Amigos Maiores que o Pensamento

Lá vêm os nossos soldados

Fac-símile da letra "Lá vêm os nossos soldados" que Zeca escreveu para a peça "Barracadas ocupaçao" de Richard Démarcy integrada no LP "Enquanto Há Força" de 1978.


Para além desta, Zeca fez mais duas canções para esta peça; "Lá Vêm Subindo O Abismo" e "Maravilha, Maravilha" esta cantada pelo seu filho Pedro Afonso.

O vídeo "Barracas ocupação" com as três canções:


quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Zeca Afonso - Mar Alto

"Fosse o meu destino o teu
Ó mar alto sem ter fundo
Viver bem perto do céu
Andar bem longe do mundo..."



design - Rui Veríssimo

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Mural

Mural dedicado em 2013, pela Comunidade Ribeira Seca na Madeira, a Zeca Afonso e à letra "Os Vampiros" assinalando os 50 anos da sua feitura


A formiga no carreiro, de Eurico Coelho

Curta-Metragem

A música de José Afonso, “A formiga no carreiro”, cujo título é igual ao da curta metragem de Animação, serviu de inspiração para Eurico Coelho como “forma de interligar as imagens da obra com a letra da música, baseadas numa visão surrealista”.


Daqui

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Zeca Afonso, Trovas Antigas

A todos os inocentes que morrem estupidamente às mãos de quem é estúpido
"O que mais me prende à vida
Não é amor de ninguém. 
É que a morte de esquecida
Deixa o mal e leva o bem.”



Zeca Afonso, A Presença das Formigas

“Liberdade, liberdade
Quem disse que era mentira?
Quero-te mais do que à morte
Quero-te mais do que à vida.”

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

O espetáculo que a ditadura teve medo de proibir - Carta da Casa da Imprensa

I Encontro da Canção Portuguesa - 29 de março de 1974

Carta da Casa da Imprensa a contestar a intenção de se proibirem as atuações de Zeca Afonso e Adriano Correia de Oliveira.

Daqui

(clicar na imagem para ampliar)

O espetáculo que a ditadura teve medo de proibir - Relatório da Censura

I Encontro da Canção Portuguesa - 29 de março de 1974

Dois fiscais da censura assistiram a tudo. Leia aqui o relatório original que eles escreveram.

Daqui

(clicar na imagem para ampliar)

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

O espetáculo que a ditadura teve medo de proibir

Em Lisboa, a realização do I Encontro da Canção Portuguesa, reunindo músicos da oposição ao Estado Novo, realizou-se num ambiente de grande tensão e dele saiu a senha para a revolução que, dias depois, derrubou a ditadura. Dois fiscais da censura assistiram a tudo.

Francisco Galope

16:44 Sexta feira, 28 de Março de 2014

Naquela noite de 29 de março de 1974, o ambiente era pesado no Coliseu dos Recreios e à volta dele. Marcado para as 21 horas e 30, o I Encontro da Canção Portuguesa começaria com mais de meia hora de atraso.

As razões, segundo conta José Jorge Letria (um dos organizadores e músico que atuou), deveram-se a uma intensa discussão que se desenrolou nos bastidores entre os representantes da entidade organizadora, a Casa da Imprensa (CI), e os da ditadura de Marcelo Caetano. O próprio subsecretário de Estado da Informação e Turismo, Caetano de Carvalho, deu-se ao trabalho de comparecer pessoalmente. Foi sugerir à Casa da Imprensa o bom senso de suspender o espetáculo. "O argumento era o de a censura ter recusado dezenas de canções, tendo proibido que se cantassem versos algumas de outras", lembra José Jorge Letria a propósito de um concerto, cujos pretextos foram a angariação de fundos para a obra de beneficência da CI e a entrega dos prémios de imprensa relativos a 1972.

Nem que fosse só um verso

Mas os organizadores estavam determinados a avançar, nem que fosse com apenas um verso em cada canção e avisam o subsecretário de Estado que, com o ambiente criado dentro e à volta do Coliseu, a suspensão do espetáculo pode ter consequências imprevisíveis. Após as diligências formais levadas a cabo nos dias anteriores, foi também nos bastidores que se decidiu que os músicos proscritos pelo regime José Afonso e Adriano Correia de Oliveira atuariam nessa noite. Afinal, não havia nada escrito que os proibisse de subirem ao palco. O que existia era apenas uma lista de cantigas censuradas. Entre elas o Venham mais cinco de José Afonso. Curiosamente, Grândola Vila Morena foi tida como inofensiva pelos censores. E seria nessa noite que ascenderia ao estatuto de hino subversivo.
No dia 15 de março, a Casa da Imprensa enviara as letras das músicas para aprovação da Direção dos Serviços de Espetáculos (DSE). Mas a lista de aprovações e reprovações só chegou momentos antes das nove e meia da noite para servir a Caetano de Carvalho como argumento para a Casa da Imprensa cancelar. "Nós pedimos que eles nos sugerissem isso por escrito, o que não quiseram fazer".

Enquanto, a discussão tomava o seu rumo, na sala de espetáculos a abarrotar, os cerca de sete mil espetadores pateavam e entoavam músicas proibidas.

Bastões, gás lacrimogéneo e cães.

Entretanto, na rua estavam mais de mil pessoas a tentar entrar no recinto. E mesmo depois de confrontadas com a impossibilidade, não arredam pé, espalhando-se pelas imediações. Ficaram para o que desse e viesse. A situação estava bastante tensa e o Coliseu cercado por centenas de elementos da polícia de choque, equipados com canhões de água e de tinta azul, bastões, gás lacrimogéneo e cães.

O espetáculo encerrou com José Afonso, tido entre os pares como o fundador do movimento de música de protesto. Zeca partilhou a apoteose em fraterna camaradagem com os outros músicos. No palco entrelaçaram-se os braços e os corpos oscilaram da esquerda para a direita, acompanhando a cadência alentejana. O público seguiu o exemplo e entoou "Grândola Vila Morena" (do álbum Cantigas do Maio, de 1971, e até aí uma inofensiva homenagem ao cante alentejano). Seguiu-se o inócuo Milho Verde. E novamente Grândola. À uma e meia da manhã, os espetadores saíram da sala abraçados e a cantar aquela cantiga. Entre eles alguns militares do MFA. Terá sido depois deste espetáculo que os militares de Abril decidiram passá-la como senha da revolução na Rádio Renascença, à meia noite e vinte da madrugada de 25 de Abril de 1974, em vez de "Venham mais cinco".

Daqui

Poesia do Zeca - Sem Manejos de Tropo Ferramenta

Boas Festas e de um Bom Ano 2015

Poesia do Zeca - Insisto Não Ser Tristeza

Zeca Afonso, Coração Inteligente - Tributo

Poesia do Zeca - Agora