quinta-feira, 29 de abril de 2021

quarta-feira, 28 de abril de 2021

quinta-feira, 22 de abril de 2021

Capas do livro "Cantares de José Afonso"

Durante alguns anos, nas diversas edições, o título manteve-se, alterando, mas pouco, as capas.

Tudo começou em 1966 com a Nova Realidade, ao lançar o primeiro Cantares, estava José Afonso a lecionar em Moçambique, com prefácio de Manuel Simões e capa com foto de Albano Rocha Pato, que como todos o sabemos, pai de Rui Pato.
Deste primeiro Cantares, surge uma nova edição em 1967. A capa mantém-se, com o prefácio de Manuel Simões e recitativos de Rui Mendes (que era para sair na 1ª edição).

Em finais de 1967 sai um novo livro, este da responsabilidade da Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico, com 14 fotografias do moçambicano Ricardo Rangel. Prefácio de Flávio Henrique Vara. Inclui «Autobiografia» datada da Beira (1967) e um texto de António Quadros escrito pela mão de José Afonso. Curiosidade é que desta edição há dois livros que embora mantendo a sua estrutura, uma tem o carimbo da Associação de Estudantes e outra não.
Em 1969 sai uma reimpressão pela S.I.P.E. - AAM (Associação Académica de Moçambique), da edição do '"Cantares de José Afonso" de 1967, Edição SCIP - AA EE de Lisboa, com capa de um pormenor de uma pintura do moçambicano Malangatana.
Em 1992 uma nova edição pela Fora do Texto, que será a 3ª, com capa castanha.
Em 1995, nova edição, a 4ª, com capa vermelha.

quarta-feira, 21 de abril de 2021

António Sampaio da Nóvoa

Discurso de abertura do Concerto na Aula Magna de Tributo a José Afonso, pelo Professor Doutor António Sampaio da Nóvoa, reitor da Universidade de Lisboa. (2013)

Discurso de abertura do concerto “Os vampiros” 50 anos

Não tencionava falar-vos. Apenas receber-vos nesta Aula Magna, junto com o Zeca.

Mas o Francisco Fanhais disse-me que tinha de vos dirigir duas palavras. Estas palavras foram-me oferecidas durante o dia. De manhã, quando vinha para a Reitoria, o meu pai chamou-me a atenção para o facto de que, neste mesmo ano de 1963, tinha sido publicada a Pacem in Terris. E que nela se escrevia:Quando alguém toma consciência dos seus direitos, assume também uma responsabilidade: o dever, a obrigação, de lutar por esses direitos. Por si e pelos outros.E aqui estava o Zeca. Claro e límpido nesta frase. Autêntico, generoso, a lutar por direitos inalienáveis (irrevogáveis.., acho que irrevogáveis não se pode dizer!), a lutar pela liberdade, uma liberdade que não existe sem direitos.

E depois, durante a tarde, alguém deixou na Reitoria, em meu nome, um ramo de cravos vermelhos, apenas com uma palavra: Obrigado. Estes cravos vermelhos que berram em violenta beleza (Clarice Lispector).Sei que eram para o Zeca. Para o seu sonho, para a forma como lutou e como nos fez lutar pela liberdade.E lembrei-me que, nesse mesmo ano de 1963, quando o Zeca denunciava os vampiros, também Martin Luther King o fazia, do mesmo modo, ainda que do outro lado do Atlântico, deixando-nos a todos o seu sonho.

É assim com o Zeca. Há sempre outro amigo também. Pode ser uma pessoa, pode ser uma ideia, pode ser um combate, sempre pela liberdade, sempre pela justiça social.

Calados e quietos é que não!
Conformados é que não!
Já nos livramos do medo e hoje
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
E agora que
Venha a maré cheia, Duma ideia, Pra nos empurrar
Que venha um pensamento, P’ra nos despertar
O Zeca está em nós, está connosco, com os seus sonhos, as suas denúncias, a sua imensa autenticidade, a sua imensa generosidade.
Que venham mais cinco!

Zeca, somos nós os teus cantores.

Julho 24th, 2013

Colaboração de Beatriz

terça-feira, 20 de abril de 2021

Dr. José Afonso - Rei da Rádio - 1968

O que se teria passado em 1968 na eleição do Rei da Rádio patrocinado pelo 'Diário de Lisboa'?

Mão amiga (obrigado AP Braga) fez-me chegar um recorte da época deste certame. Contagem a 22 de setembro de 1968, Dr. José Afonso em 1º lugar com 2061 votos. Em 2º lugar o eterno Rei da Rádio, António Calvário.

Com a morte do Artur Garcia, em todo o lado (em todo não, há sempre uma 'aldeia gaulesa' que resiste) (1), aparece o Artur Garcia como vencedor desse ano. Como assim se Artur Garcia tinha 523 votos. E há que pesquisar!

A votação iria até o dia 5 de novembro e até lá até podia ser que o Artur Garcia tivesse recuperado e ultrapassado o Dr. José Afonso. Para isso os leitores do 'Diário de Lisboa' teriam que preencher um cupão que todos os dias fazia parte integrante do jornal. O último cupão saiu no dia 23 de setembro. A partir daí silêncio absoluto. Tive o cuidado de ver no arquivo deste jornal, todos os dias de cada mês até novembro, mês de encerramento do certame.

Nada mais apareceu, nem cupões, nem contagens, nem o encerramento.

Entretanto Salazar tinha caído da cadeira, a 7 de setembro era operado, e notícias do estado de saúde todos os dias era mencionado perante o silêncio sobre o Rei da Rádio.

Como referi há em muitos locais que Artur Garcia teria sido o Rei de Rádio de 1968. Aceito o contraditório, mas Artur Garcia foi-o em 1967 e Príncipe do Espetáculo, em 1969.

Em 1968 e enquanto não houver prova em contrário e porque o certame foi 'cortado' sem ter acabado, o Rei da Rádio foi o Dr. José Afonso.

(1) - https://observador.pt/2021/04/14/morreu-o-cantor-artur-garcia-nome-da-musica-ligeira-portuguesa-da-decada-de-1960/

O jornal de 22 e 23 de setembro de 1968, com o último cupão.

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Canções no Luxemburgo - 1970

Paris, Outono de 1970.

Notícia: o Zeca Afonso estava de passagem na capital francesa.

Nesse ano surgiu a oportunidade de uma deslocação ao Luxemburgo para, a convite da Federação dos Operários do Luxemburgo, apresentar um espectáculo para a imigração portuguesa residente naquele país.

O convite foi aceite e organizou-se a viagem. (...) O Zeca foi convidado para nos acompanhar e honrar o espectáculo com a sua presença e participação.

No dia 17 de Outubro à noite realizou-se o primeiro espectáculo na Maison du Peuple em Esch-sur-Alzette (segunda cidade do País e com grande concentração de imigração portuguesa).

No dia 18 à tarde o mesmo espectáculo repetiu-se na cidade do Luxemburgo, no Casino Sindical de Bonnevoie.

Nesse Domingo à tarde tudo estava a correr bem. Mas eis que, inesperadamente, o espectáculo foi perturbado por um grupo de provocadores que, do fundo da sala, desafiaram o Zeca Afonso gritando “Eh Zeca, se tens tomates canta lá a Catarina”.

Sem hesitar, o Zeca saltou para o palco e entoou “Chamava-se Catarina … …” e logo a agitação, no fundo da sala se desencadeou descontroladamente até que um assistente luxemburguês, talvez do comité de organização, ameaçou com a chegada da polícia, tendo os provocadores abandonado o local. É sabido que os agentes e informadores da PIDE evitavam sempre as escaramuças com as autoridades locais.

in "CANÇÃO DE PROTESTO E EXÍLO" de António L. Paiva

daqui: http://aep61-74.org/index.php/2020/09/19/cancao-de-protesto-e-exilo-cancoes-no-luxemburgo/

foto daqui: https://teste.escritas.org/tag/jose-afonso/