sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Zeca e o Barreiro

“Zeca Afonso ligou para sempre o seu nome ao Barreiro desde que, em plena ditadura fascista, num espetáculo promovido pelo Cine Clube do Barreiro e pela Comissão Cultural do Luso - em 11 de Novembro de 1967 - protagonizou um dos grandes momentos da luta contra a ditadura fascista interpretando, acompanhado em coro por uma assistência emocionada e perante a impotência dos agentes da PIDE, aquela que viria a ser uma das suas músicas mais simbólicas “Os Vampiros”.

Na sequência deste espetáculo, a direção do Cine Clube viria a ser presa pela polícia política. Zeca voltou de novo ao Barreiro e à Baixa da Banheira, atuando em espetáculos que ficaram na memória e no imaginário de muitos dos que o ouviram, nomeadamente na Cooperativa Operária dos Corticeiros, no Grupo Desportivo Operário “Os Vermelhos” no Bairro das Palmeiras e no Grupo Dramático e Recreativo “Os Leças”.

Os laços de amizade que tinha no Barreiro, nomeadamente com Alfredo de Matos, deram origem a duas músicas que dedicou a este seu grande amigo e à irmã Conceição Matos, ambos presos políticos nas cadeias do regime: “Por trás daquela Janela” e “Eles vão, Conceição, vão” (Na Rua António Maria).

Depois do 25 de Abril Zeca Afonso actuou nas Festas do Barreiro no ano de 1982 e, já muito doente, voltou ao Barreiro em 1984, onde a Câmara Municipal lhe prestou uma Jornada de Homenagem integrada nas comemorações do 10º Aniversário do 25 de Abril. No decorrer desta homenagem o Presidente do Município, Hélder Madeira, procedeu à entrega de um pergaminho, em nome da população do Barreiro, no qual podia ler-se:“Amigo maior que o pensamento”.


Colaboração de Bea Triz