sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Zeca e o Barreiro

“Zeca Afonso ligou para sempre o seu nome ao Barreiro desde que, em plena ditadura fascista, num espetáculo promovido pelo Cine Clube do Barreiro e pela Comissão Cultural do Luso - em 11 de Novembro de 1967 - protagonizou um dos grandes momentos da luta contra a ditadura fascista interpretando, acompanhado em coro por uma assistência emocionada e perante a impotência dos agentes da PIDE, aquela que viria a ser uma das suas músicas mais simbólicas “Os Vampiros”.

Na sequência deste espetáculo, a direção do Cine Clube viria a ser presa pela polícia política. Zeca voltou de novo ao Barreiro e à Baixa da Banheira, atuando em espetáculos que ficaram na memória e no imaginário de muitos dos que o ouviram, nomeadamente na Cooperativa Operária dos Corticeiros, no Grupo Desportivo Operário “Os Vermelhos” no Bairro das Palmeiras e no Grupo Dramático e Recreativo “Os Leças”.

Os laços de amizade que tinha no Barreiro, nomeadamente com Alfredo de Matos, deram origem a duas músicas que dedicou a este seu grande amigo e à irmã Conceição Matos, ambos presos políticos nas cadeias do regime: “Por trás daquela Janela” e “Eles vão, Conceição, vão” (Na Rua António Maria).

Depois do 25 de Abril Zeca Afonso actuou nas Festas do Barreiro no ano de 1982 e, já muito doente, voltou ao Barreiro em 1984, onde a Câmara Municipal lhe prestou uma Jornada de Homenagem integrada nas comemorações do 10º Aniversário do 25 de Abril. No decorrer desta homenagem o Presidente do Município, Hélder Madeira, procedeu à entrega de um pergaminho, em nome da população do Barreiro, no qual podia ler-se:“Amigo maior que o pensamento”.


Colaboração de Bea Triz

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Grândola - hino de abril

Grândola - hino de abril… por culpa da censura exercida pela ditadura.

Noite de 29 de março de 1974. Grândola, Vila Morena é cantada no encerramento de um espetáculo no Coliseu de Lisboa, mas não era isso que estava previsto. Aquele era o I Encontro da Canção Portuguesa, organizado pela Casa da Imprensa, onde se cantaria e também se entregaria os prémios de imprensa de 1973.

José Jorge Letria, como recorda, durante uma entrevista, em 2013, ao Canal Cascais, surgiu a questão de qual a música com que se devia acabar o espetáculo no Coliseu

“O Zeca Afonso gostava muito de duas músicas para fechar, o Venham Mais Cinco e O Que Faz Falta, mas as duas estavam retalhadas, cortadas aos pedaços [pela censura]. A única que não tinha cortes era o Grândola, Vila Morena. O Zeca não percebia porque é que as pessoas gostavam tanto da canção. Achava que era uma canção lenta, que não tinha refrão. Mas como era uma canção que não tinha cortes, foi a que nós [os outros cantores que participaram no evento] colegialmente escolhemos para fechar. Portanto, cantámos todos aquela música, abraçados, sem instrumentos, fazendo daquele ruído dos pés no chão um coro alentejano”.

Daqui:
https://www.sapo.pt/noticias/atualidade/artigos/o-destino-prega-partidas-afinal-o-que-nos-queriam-dizer-zeca-afonso-e-paulo-de-carvalho-com-as-musicas-que-simbolizam-o-25-de-abril

sábado, 28 de agosto de 2021

Carta sobre A Excepção e a Regra

De Rui Pato

Mais uma carta sem data, enviada por José Afonso a Rocha Pato, em que se fala de uma "letras" para a peça "A Excepção e a Regra", de Brecht. Também é referida a entrega de uma fita gravada com as canções da peça a um Pedro Borges, pedindo Zeca a Rocha Pato que se faça uma cópia dessa gravação e se entregue a Rui Mendes.

Eu, pessoalmente nunca vi esses manuscritos originais, nunca ouvi a tal gravação e não sei por onde andará todo esse material.

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

Espetáculos

De Rui Pato

Carta de José Afonso a Rocha Pato, pedindo-lhe que tentasse arranjar espectáculos pois ele estava sem dinheiro...o que ainda tem"não chega para as encomendas".

segunda-feira, 10 de maio de 2021

CANTAI OS VOSSOS TRONOS E IMPÉRIOS

De Rui Pato Pode, muito bem, servir para honrar a língua portuguesa no dia de hoje, que lhe é dedicado

(Poema "Coro dos Caídos, manuscrito pelo José Afonso, enviado para Rui Pato antes do dia da gravação)

quinta-feira, 29 de abril de 2021

quarta-feira, 28 de abril de 2021

quinta-feira, 22 de abril de 2021

Capas do livro "Cantares de José Afonso"

Durante alguns anos, nas diversas edições, o título manteve-se, alterando, mas pouco, as capas.

Tudo começou em 1966 com a Nova Realidade, ao lançar o primeiro Cantares, estava José Afonso a lecionar em Moçambique, com prefácio de Manuel Simões e capa com foto de Albano Rocha Pato, que como todos o sabemos, pai de Rui Pato.
Deste primeiro Cantares, surge uma nova edição em 1967. A capa mantém-se, com o prefácio de Manuel Simões e recitativos de Rui Mendes (que era para sair na 1ª edição).

Em finais de 1967 sai um novo livro, este da responsabilidade da Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico, com 14 fotografias do moçambicano Ricardo Rangel. Prefácio de Flávio Henrique Vara. Inclui «Autobiografia» datada da Beira (1967) e um texto de António Quadros escrito pela mão de José Afonso. Curiosidade é que desta edição há dois livros que embora mantendo a sua estrutura, uma tem o carimbo da Associação de Estudantes e outra não.
Em 1969 sai uma reimpressão pela S.I.P.E. - AAM (Associação Académica de Moçambique), da edição do '"Cantares de José Afonso" de 1967, Edição SCIP - AA EE de Lisboa, com capa de um pormenor de uma pintura do moçambicano Malangatana.
Em 1992 uma nova edição pela Fora do Texto, que será a 3ª, com capa castanha.
Em 1995, nova edição, a 4ª, com capa vermelha.

quarta-feira, 21 de abril de 2021

António Sampaio da Nóvoa

Discurso de abertura do Concerto na Aula Magna de Tributo a José Afonso, pelo Professor Doutor António Sampaio da Nóvoa, reitor da Universidade de Lisboa. (2013)

Discurso de abertura do concerto “Os vampiros” 50 anos

Não tencionava falar-vos. Apenas receber-vos nesta Aula Magna, junto com o Zeca.

Mas o Francisco Fanhais disse-me que tinha de vos dirigir duas palavras. Estas palavras foram-me oferecidas durante o dia. De manhã, quando vinha para a Reitoria, o meu pai chamou-me a atenção para o facto de que, neste mesmo ano de 1963, tinha sido publicada a Pacem in Terris. E que nela se escrevia:Quando alguém toma consciência dos seus direitos, assume também uma responsabilidade: o dever, a obrigação, de lutar por esses direitos. Por si e pelos outros.E aqui estava o Zeca. Claro e límpido nesta frase. Autêntico, generoso, a lutar por direitos inalienáveis (irrevogáveis.., acho que irrevogáveis não se pode dizer!), a lutar pela liberdade, uma liberdade que não existe sem direitos.

E depois, durante a tarde, alguém deixou na Reitoria, em meu nome, um ramo de cravos vermelhos, apenas com uma palavra: Obrigado. Estes cravos vermelhos que berram em violenta beleza (Clarice Lispector).Sei que eram para o Zeca. Para o seu sonho, para a forma como lutou e como nos fez lutar pela liberdade.E lembrei-me que, nesse mesmo ano de 1963, quando o Zeca denunciava os vampiros, também Martin Luther King o fazia, do mesmo modo, ainda que do outro lado do Atlântico, deixando-nos a todos o seu sonho.

É assim com o Zeca. Há sempre outro amigo também. Pode ser uma pessoa, pode ser uma ideia, pode ser um combate, sempre pela liberdade, sempre pela justiça social.

Calados e quietos é que não!
Conformados é que não!
Já nos livramos do medo e hoje
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
E agora que
Venha a maré cheia, Duma ideia, Pra nos empurrar
Que venha um pensamento, P’ra nos despertar
O Zeca está em nós, está connosco, com os seus sonhos, as suas denúncias, a sua imensa autenticidade, a sua imensa generosidade.
Que venham mais cinco!

Zeca, somos nós os teus cantores.

Julho 24th, 2013

Colaboração de Beatriz

terça-feira, 20 de abril de 2021

Dr. José Afonso - Rei da Rádio - 1968

O que se teria passado em 1968 na eleição do Rei da Rádio patrocinado pelo 'Diário de Lisboa'?

Mão amiga (obrigado AP Braga) fez-me chegar um recorte da época deste certame. Contagem a 22 de setembro de 1968, Dr. José Afonso em 1º lugar com 2061 votos. Em 2º lugar o eterno Rei da Rádio, António Calvário.

Com a morte do Artur Garcia, em todo o lado (em todo não, há sempre uma 'aldeia gaulesa' que resiste) (1), aparece o Artur Garcia como vencedor desse ano. Como assim se Artur Garcia tinha 523 votos. E há que pesquisar!

A votação iria até o dia 5 de novembro e até lá até podia ser que o Artur Garcia tivesse recuperado e ultrapassado o Dr. José Afonso. Para isso os leitores do 'Diário de Lisboa' teriam que preencher um cupão que todos os dias fazia parte integrante do jornal. O último cupão saiu no dia 23 de setembro. A partir daí silêncio absoluto. Tive o cuidado de ver no arquivo deste jornal, todos os dias de cada mês até novembro, mês de encerramento do certame.

Nada mais apareceu, nem cupões, nem contagens, nem o encerramento.

Entretanto Salazar tinha caído da cadeira, a 7 de setembro era operado, e notícias do estado de saúde todos os dias era mencionado perante o silêncio sobre o Rei da Rádio.

Como referi há em muitos locais que Artur Garcia teria sido o Rei de Rádio de 1968. Aceito o contraditório, mas Artur Garcia foi-o em 1967 e Príncipe do Espetáculo, em 1969.

Em 1968 e enquanto não houver prova em contrário e porque o certame foi 'cortado' sem ter acabado, o Rei da Rádio foi o Dr. José Afonso.

(1) - https://observador.pt/2021/04/14/morreu-o-cantor-artur-garcia-nome-da-musica-ligeira-portuguesa-da-decada-de-1960/

O jornal de 22 e 23 de setembro de 1968, com o último cupão.

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Canções no Luxemburgo - 1970

Paris, Outono de 1970.

Notícia: o Zeca Afonso estava de passagem na capital francesa.

Nesse ano surgiu a oportunidade de uma deslocação ao Luxemburgo para, a convite da Federação dos Operários do Luxemburgo, apresentar um espectáculo para a imigração portuguesa residente naquele país.

O convite foi aceite e organizou-se a viagem. (...) O Zeca foi convidado para nos acompanhar e honrar o espectáculo com a sua presença e participação.

No dia 17 de Outubro à noite realizou-se o primeiro espectáculo na Maison du Peuple em Esch-sur-Alzette (segunda cidade do País e com grande concentração de imigração portuguesa).

No dia 18 à tarde o mesmo espectáculo repetiu-se na cidade do Luxemburgo, no Casino Sindical de Bonnevoie.

Nesse Domingo à tarde tudo estava a correr bem. Mas eis que, inesperadamente, o espectáculo foi perturbado por um grupo de provocadores que, do fundo da sala, desafiaram o Zeca Afonso gritando “Eh Zeca, se tens tomates canta lá a Catarina”.

Sem hesitar, o Zeca saltou para o palco e entoou “Chamava-se Catarina … …” e logo a agitação, no fundo da sala se desencadeou descontroladamente até que um assistente luxemburguês, talvez do comité de organização, ameaçou com a chegada da polícia, tendo os provocadores abandonado o local. É sabido que os agentes e informadores da PIDE evitavam sempre as escaramuças com as autoridades locais.

in "CANÇÃO DE PROTESTO E EXÍLO" de António L. Paiva

daqui: http://aep61-74.org/index.php/2020/09/19/cancao-de-protesto-e-exilo-cancoes-no-luxemburgo/

foto daqui: https://teste.escritas.org/tag/jose-afonso/

segunda-feira, 29 de março de 2021

Eu Dizia

Letra da canção "Eu dizia", de José Afonso

Descrição:

Letra da canção "Eu dizia", usada nas gravações do álbum "Como se fora seu filho" de José Afonso (1983). José Mário Branco foi responsável pelos arranjos e direcção musical desse álbum.

Que significavam aquelas palavras, o que estaria ali que levasse Zeca Afonso a escrever sobre "o quanto madura me animavas seguindo a noite (...) sem luzes, em vitória, na mesma rota, de tanto compatriota, entre o sol e a lua, sereníssima, rodavas em silêncio, noite fora... "

O tema era dedicada a Zélia que conduzia, (embora Zeca tivesse carta nunca conduziu). entre o sol e a lua, rodando em silêncio noite fora...

Dou a palavra a José Mário Branco:

«A canção "Eu Dizia" foi tocada por mim ao piano e pelo Pedro Wallenstein em contrabaixo. É um poema que o Zeca dedicou à Zélia quando ia a atravessar Espanha e, se não me engano, é a última coisa que ele cantou em estúdio. Aliás já é um bocado impressionante, porque o texto tem que ver com isso. Sente-se que já lhe falta força, mesmo que ainda bem cantado como está.»

José Mário Branco sobre a canção de "Como Se Fora Seu Filho" (1983), in "Os Melhores Álbuns da Música Popular Portuguesa (1960-1997)"", edição Público/Fnac, 1998.

sábado, 27 de março de 2021

Batonga

Texto de Xoán Manuel Estévez, na revista 'Batonga' (1999/2007) em janeiro de 2003.

José Afonso, el alma de Portugal

"Enigmático, escéptico, despistado… Creador con denominación de origen, este sencillo portugués encarnó, en vida, la simbiosis equilibrada de un dilema eterno: el arte por el arte y el arte por la idea. (...)

ARTISTA CÍVICO

Es opinión común entre quienes trataron en vida a José Afonso su desinterés dialéctico por la propia actividad artística que desarrollaba. En sus encuentros con otros colegas, el artista era más dado a hablar de cualquier otro tema que no del estrictamente musical. (...) El propio artista se refiere en reiteradas ocasiones a esta actitud vital: “Soy una decepción para los músicos”. Incluso recurre a una especie de desdoblamiento para diseccionar su rol artístico como cantor, por una parte, y su faceta cívica como persona, por la otra: “Una cosa es mi actividad musical, la función lúdica de la música; otra cosa es el hombre político que soy. Ahora, cómo armonizan las dos cosas aún lo estoy por saber”. (...)

ARTESANO DE LA CANCIÓN

Sorprenderá siempre a quien conozca la obra de José Afonso el tratamiento, a menudo exquisito, con que cuidó sus grabaciones, en contraste con ese aparente desinterés por su actividad artística. Se trasladó fuera de su Portugal vivencial cuando la ocasión requirió ir a estudios de Madrid, París o Londres. Claro que la desmitificación de su oficio encuentra el razonamiento del propio artista, cuando declara al autor del libro: “Hago música como quien hace un par de zapatos. Sólo intento alinear sonidos y volverlos coherentes entre sí como quien hace un utensilio”. A oídos del aficionado, resalta en su amplio repertorio la variedad tímbrica y de contenidos musicales con que enriquece buena parte de sus canciones. Aunque para el propio Zeca no parece tan importante: “Lo que nosotros hacemos es siempre una cosa muy periclitante: meter en tres minutos una canción y conseguir un efecto único”.

O texto é extenso. Para quem o quiser ler na totalidade, é só aceder ao sítio da AJA no link abaixo.

http://www.aja.pt/jose-afonso-el-alma-de-portugal/

sexta-feira, 26 de março de 2021

Zeca Afonso solidário

1985 - Há fome em Portugal

"D. Manuel Martins, o bispo de Setúbal (conhecido como o "Bispo Vermelho"), clamava contra a fome. Não em reuniões na Aula Magna, televisionadas, mas entre os pobres nos bairros degradados. Fechavam as empresas e os desempregados eram aos milhares." (1)

"Em 19 de Janeiro de 1985, surgia a confirmação de que o crédito ao sector público tinha ultrapassado o negociado com o FMI para 1984 e, pior, que o país não conseguira controlar a inflação (que chegara aos 30% quando deveria ter ficado pelos 24%). Locais existiam, como o distrito de Setúbal, onde os salários deixaram de ser pagos." (2)

(1) - https://bandalargablogue.blogs.sapo.pt/685806.html
(2) - https://observador.pt/.../maria-filomena-monica-e-a.../

O 'Pasquim' resolve contactar artistas portugueses para a edição de um disco cujos direitos de autor reverteriam para gente carenciada em Setúbal.

Zeca Afonso e António Vitorino de Almeida aderiram à iniciativa (lembrar que Zeca em 1985 já estava muito enfermo, mas sempre solidário).

Mas o disco não passou disso, de boas intenções e de boas intenções...

quinta-feira, 25 de março de 2021

Zeca Afonso numa revista de boas vibrações

VIBRACIONES Nº 9: LOS PIRATAS DEL ROCK. FRIPP ENO. JOSE AFONSO. BRUCE BAND. RAY CHARLES. URIAH HEEP

junho de 1975

quarta-feira, 24 de março de 2021

Livro 'Cantares de José Afonso' - reedição moçambicana

Em pesquisa tinha-me aparecido uma capa de um livro que dizia só 'Cantares de José Afonso' e nada mais.

Contactadas várias pessoas amigas, não se fez luz no que seria aquela capa. E a capa ficou a 'hibernar'.

Novas pesquisas fiz até que ontem encontrei a que livro pertencia a capa, o ano e em conversa com o amigo AP Braga sobre sigla, A. A. M. que está no livro, o AP teve a brilhante ideia de associar com uma possível associação de estudantes moçambicanos. E estava encontrado o busílis da questão, pois agregado a este livro no site onde se encontrava, estava um jornal de Moçambique onde diz textualmente "Perseguição ao livro em Moçambique" e por baixo em vermelho 'Associação Académica de Moçambique' ou seja A.A.M.

Este livro é todo ele cópia da edição do '"Cantares de José Afonso" de 1967, Edição SCIP - AA EE de Lisboa, onde na capa está a foto de um estivador moçambicano, foto de Ricardo Rangel e neste a capa é um pormenor de uma pintura do pintor moçambicano Malangatana.

As imagens estão pela seguinte ordem

1) Livro "Cantares" de José Afonso. Edição SCIP - AA EE de Lisboa. 1ª edição - Edição SCIP - AAEE de Lisboa / A.E.I.S.T. - 1967 - Reimpresso pela S.I.P.E. - AAM em 1969
2) Comunicado da Direção Geral da A.A.M. de junho de 1971. Frente e verso
3) Jornal "O diálogo" junho de 1971, Nº 13 com artigo "A perseguição ao livro em Moçambique", também acerca do livro " Cantares".
4) Pormenores do livro

segunda-feira, 22 de março de 2021

Festa do Avante - 1981

Sabemos por fotos e depoimentos que a única vez que Zeca atuou em palco foi em 1980. E tudo apontava que realmente o PCP só o tinha convidado essa única vez. Mas não, Zeca foi convidado também em 1981, conforme consta no programa da Festa.

A sua atuação estava marcada para domingo, dia 6, no palco 1, pelas 16:45 (à mesma hora, iria atuar no 'Palco da Juventude' o Adriano Correia de Oliveira).

Só que devido a um problema vocal, Zeca esteve em palco mas não atuou segundo depoimento de Rodrigo Henriques que estava nos bastidores.

"O Zeca e o grupo que o acompanhava na altura estiveram no palco, tentou uns ensaios nos bastidores, mas desistiu. Foi ao palco recebendo uma gigantesca ovação, esteve no palco algum tempo. Falou, desculpou-se mas não cantou, porque estava com problemas de garganta. Penso que o grupo cantou parte das suas canções. O Zeca veio para os bastidores."

(as fotos que constam no programa, são da atuação do Zeca em 1980)

sexta-feira, 12 de março de 2021

Letra da canção 'Benditos' de José Afonso

Descrição:

Documento com a letra e cifras da canção "Benditos", usada na gravação do álbum "Galinhas do mato" de José Afonso (1985).

José Mário Branco foi o responsável pelos arranjos e direcção musical desse álbum.

sábado, 6 de março de 2021

Concerto de José Afonso, no Oeiras-Cine - 1982

Em 1982, a Biblioteca Operária Oeirense apresentou um concerto de José Afonso, no então Oeiras-Cine, hoje auditório Eunice Muñoz. Casa cheia. Acompanharam José Afonso, Júlio Pereira, Janita Salomé e Sérgio Mestre.

sábado, 27 de fevereiro de 2021

Carta de Sérgio Godinho

s/d e falta a parte 2

"Imaginem o sal não dissolvendo na água, a água do rio atravessando incólume o mar, o vento transformando a roupa no escuro, mudando-lhes as cores, aproveitando a ausência da luz plausível. Imaginem também a luz e um músico recebendo a energia da luz, transformando-a em ritmos, e nos ritmos ia pondo as palavras que mais tarde tomamos por nossas.

Sempre achei o Zeca um músico iluminado, daqueles que recebem, junto com o dom de viver, o dom de criar. Mais do que um músico iluminado, o Zeca era uma pessoa iluminando-se: tinha uma lucidez crua e desvastante que, dito por outras palavras, quer dizer que era um malandro. De dentro da sua cabeça, saíam dois feixes de lucidez e malandrice: ria-se com os olhos,

(...)

e aspirar, já agora, a uma bonança futura. O homem não tinha emenda. Teve que vir o raio de uma doença tentar, perversamente, pô-lo em sossego, comendo-lhe o corpo e a energia. Da última vez que o vi, ainda se ria com os olhos, já pouco. O barco serenava. Mas não faz mal. José, sossega lá. Nem tu sabes o que nos deixaste.

Deixa lá, sossega agora!"

Sérgio Godinho

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

"Menino d'Oiro"

Diz Zeca sobre este tema:

"O tema parece filiar-se em longínquas raízes peninsulares. Tratado pelas mais diversas formas mas conservando a sua origem popular, surge como motivo inspirador dum conhecido fado de Coimbra." (1)

Naturalmente que o fado de Coimbra que inspirou Zeca foi o conhecidíssimo "O Meu Menino" musicado por Alexandre Augusto de Rezende Mendes, com letra: 1ª quadra popular; 2ª quadra de Alfredo Fernandes Martins e que conheceu várias alterações de letra durante os decénios seguintes.

"Rezende compôs este embalo em homenagem a seu filho, José de Sousa Mendes de Rezende que nas décadas de 1950-1960 era conhecido na colónia portuguesa de São Paulo por “Menino d’oiro”. (...)

No período 1958-1961 José Afonso faz frequentes viagens a Coimbra. Pernoita em repúblicas de estudantes e faz-se acompanhar pela viola de cordas de nylon de Paulo Alão. Canta o seu repertório em repúblicas e faz serenatas na porta do Patronato Feminino da rua da Matemática, fronteiro à república Corsários das Ilhas, acompanhado pela viola nylon de Paulo Alão. É neste período que José Afonso compõe Balada do Outono (1958), Menino d’Oiro (1959), Minhã Mãe (1959), Senhor Poeta (1960), e Balada Aleixo (1961), Canção vai… e Vem, trauteando a Paulo Alão os arranjos que tinha em mente para cada título, arranjos esses que mais tarde serão retomados nas gravações com José Niza/Durval Moreirinhas (1961) e Rui Melo Pato (1962 e ss.). Ainda segundo Paulo Alão, o repertório baladístico inicial de José Afonso foi muito mal recebido pela Academia de Coimbra em geral, sobretudo por estudantes anónimos que não estavam preparados para apreciar as novas formas, temas e sonoridades." (2)

Nunca em nenhum lado em que tenha sido entrevistado, Zeca refere que seria uma homenagem sua ao seu primeiro filho José Manuel, que teria na altura que Zeca fez a letra (1959), 6 anos.

Essa relação aparece somente no livro de Viriato Teles - "As Voltas de um Andarilho" - pag.ª 148.

Em 1960, Casimiro Ferreira, no seu disco 'FADO CORRIDO DE COIMBRA' (Rapsódia - EPF5084) deu a indicação nos créditos, que os autores de "O Meu Menino" eram com a música de Alexandre de Resende (certo) e a letra de José Afonso. Mas o que gravou Casimiro Ferreira foi a versão original com os versos popularizados desde o princípio do século XX (3). O meu menino é d’oiro/É d’oiro o meu menino,/Hei-de levá-lo ao Céu/Enquanto for pequenino e não a versão de Zeca Afonso, gravada em 1962, como todos o sabemos, com o arranjo magistral de Rui Melo Pato.

Como aparece como autor da letra José Afonso, em 1960? Tal como apareceu em 1953 no "Fado das Águias", atribuída ao Zeca a música e letra, quando a música é de João Salustiano Monteiro e a letra de Camilo Castelo Branco (1ª quadra), Fernando de Lemos Quintela (2ª quadra). Uma evidente falta de rigor.

fotos: Capa e disco, onde nele refere como autor da letra, José Afonso.

Fontes:
(1) - Cantares - Nova Realidade
(2) - Guitarra de Coimbra V (Cithara Conimbrigensis)
(3) - O Covil do Vinil

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Carta de José A. Salvador

De Rui Pato

JOSÉ A. SALVADOR

O Salvador foi meu colega em Coimbra e fez parte do meu grupo nas lutas académicas de 1969 tendo depois seguido o jornalismo. Salvador foi o primeiro biógrafo do Zeca Afonso com o livro "LIVRA-TE DO MEDO - Histórias & Andanças - Zeca Afonso" publicado no ano de 84. Para esse livro foi pedida a minha colaboração e foram várias as tardes e noites de conversa, até porque eu tinha ainda a memória muito fresca dos tempos em que andei nas andanças com o Zeca.

Em 1987, com o Zeca já muito doente, o Salvador decide fazer uma segunda edição do livro mas com mais elementos, mais atualizados, com mais entrevistas com o próprio Zeca. E é por esse motivo que o Salvador decide escrever à minha mãe, aconselhado pelo Zeca, para que ela lhe facultasse alguma da correspondência escrita entre o Zeca e o Rocha pato (meu pai) ao que ele respondeu afirmativamente. É essa a carta que aqui reproduzo.

Salvador vem a falecer precisamente há 5 anos, em Fevereiro de 2016. É a minha homenagem a esse grande amigo.