quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Grandola, Vila Morena, Terra da fraternidade...

Reportagem do diário "A Capital", na edição de 30 de março de 1974:

"Cinco mil pessoas, de pé, deram os braços e em toda a sala do Coliseu se cantou, em coro com José Afonso, 'Grândola, Terra [sic] Morena'. (...) A multidão que já ouvira, na primeira parte do espectáculo, o quarteto de Marcos Resendo, o conjunto espanhol Vino Tinto, o duo Carlos Alberto Moniz-Maria do Amparo (...) Manuel José Soares, Carlos Paredes e o poeta José Carlos Ary dos Santos teve uma segunda parte em cheio. (...) Na segunda parte, subiram para o palco ao mesmo tempo, e depois da apresentação feita por Joaquim Furtado, Manuel Freire, José Barata Moura, José Jorge Letria, o quarteto Introito, Fernando Tordo, Adriando Correia de Oliveira e José Afonso. Cada um, por sua vez, chegou ao microfone e interpretou as suas canções.


O público começou então a participar no espectáculo. De tal modo que, quando José Jorge Letria se preparava para cantar a sua segunda canção, foi ele que teve de acompanhar o espectacular coral de cinco mil pessoas que lhe impuseram a canção. As palavras que Letria disse antes de começar a cantar, quando referiu a necessidade de todos cantarem juntos, foram proféticas. De tal modo que, quando José Afonso se aproximou dos microfones e disse que só ia cantar uma canção, 'Grândola, Terra [sic] Morena', os seus companheiros de espectáculo aprocimaram-se, deram os braços e, de imediato, a sala toda se levantou, imitou-os e entoou com eles o canto alentejano, acompanhado a voz com o ritmado do corpo balançado. Filas e filas da plateia, das bancadas, dos camarotes, das galerias, eram massas de gente, de braços dados como que a participar de um fantástico cerimonial. Depois, José Afonso ainda cantou 'Milho Verde' e voltou a repetir-se 'Grândola', repetindo-se o mesmo espectáculo impressionante, com a sala às escuras com as luzes de gala do Coliseu acesas."

Foto: Arquivo A Capital/IP

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