sexta-feira, 31 de julho de 2015

"O Teto do Mendigo"

República Boa-Bay-Ela, foi aqui num quarto onde por vezes pernoitava, que Zeca Afonso escreveu na parede quatro quadras do "O Tecto do Mendigo".

"Tecto" ou "Teto"?

Não sei em que ano foi escrito este poema, mas seguramente foi depois de 1945.

Em 1945 dá-se o Acordo Ortográfico. Antes deste acordo, "TECTO" escrevia-se "TETO". O Decreto 35.228, de 8 de Dezembro de 1945 passou a exigir a inclusão de consoantes mudas em um pequeno número de palavras em que não eram pronunciadas em Portugal, mas o eram no Brasil, quer geral, quer restritamente (caracteres, cacto, tecto).

Zeca escreveu sempre "TETO" e nunca "TECTO" neste poema mas, no entanto, nas edições de "Cantares de José Afonso", "Cantar de Novo" e "José Afonso Textos e Canções", os autores retificaram e colocaram a consoante muda "C" onde ela não existia.

Mudam-se os tempos, muda-se a grafia e, em 2015 (AO de 1990 em vigência a partir de 2015), volta o TECTO a ser de novo "TETO".
O poema do Zeca atravessa o tempo e volta a estar atual (atual sem "C").

As quadras do "O Teto do Mendigo" fazem parte da canção "Tecto da Montanha" que Zeca gravou no seu álbum 'Cantares do andarilho' (1968).

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