Testemunho de Joana Afonso
Mais do que impor regras, o que José Afonso transmitia aos filhos eram valores de partilha e de respeito pelo outro, “mas também queria o quarto arrumado” (Prosema III)*, conta Joana Afonso, 47 anos. Lembra-se de uma disputa entre ela e o irmão Pedro, com menos quatro anos e meio, que acabou com um brinquedo novo no lixo. “Não me recordo de qual era o brinquedo, mas estávamos naquelas discussões: ‘É meu’, ‘é meu’, ‘não é nada, é meu.’ Ele veio e deitou-o fora. ‘Não é de ninguém. Nunca mais quero ouvir essa discussão’.” Resultou até hoje. “Não tivemos mais discussões dessas. O meu pai não suportava o egoísmo. Era tudo na base de: ou é de todos ou não é de nenhum!”
Joana Afonso ri-se ao recordar um outro episódio em que ambos, Joana e Pedro, não queriam sair de casa porque ia “dar qualquer coisa na televisão”. E fizeram finca-pé. O desfecho foi a televisão ir passar uma temporada na casa da porteira. “O meu pai achava que devíamos aproveitar o tempo livre na rua, devíamos sair e passear sempre que pudéssemos. Ele detestava que a televisão nos impedisse de fazer outras coisas bem mais importantes. Se fosse hoje, seria mais difícil, com toda a oferta televisiva que temos. Mas éramos todos espectadores assíduos do Vasco Granja!"
Não se recorda de castigos, nem de zangas, só de um ou outro raspanete. “Nem sequer se zangou comigo quando chumbei um ano.” Mas duas palmadas vêm-lhe à memória. A primeira já esqueceu o motivo, a segunda lembra-se bem. Foi numa viagem de carro para Espanha, em que as “tolices” dos dois irmãos (ambos filhos de Zélia Afonso) fizeram estragos: “A ‘lamparina’ que levei foi a gota de água de uma viagem supostamente tranquila e prazenteira, que eu e o meu irmão conseguimos infernizar com uma série de tropelias.”
O episódio, na opinião de Joana, até “foi cómico”. E descreve-o assim: “Depois de alguns dias de viagem stressante, há um parvalhão que decide encostar o nosso carro e pedir contas porque dois miúdos lhe faziam [o gesto de] cornos. O meu pai passou-se com o tipo, que era obviamente um idiota.” No entanto, a palmada que Joana recebeu não veio logo. “Depois de muitos quilómetros percorridos em silêncio e ambiente pesado, levei um estalo. Ele já devia estar de saco cheio, por razões óbvias.”
Vivendo em casas sempre cheias de gente e movimento, “com muitos amigos a entrar e a sair a qualquer hora”, Joana Afonso diz que não havia rigidez no cumprimento daquelas regras das famílias mais tradicionais, com horas certas para as refeições ou para deitar. “Tivemos uma educação muito livre e permissiva, no bom sentido. Só nas questões de ordem ética é que o meu pai era intransigente.” E hoje dá-se conta de que reproduz com o seu filho, José (cinco anos), os mesmos princípios. “Sigo ideais muito semelhantes, embora o contexto seja outro.”
Mais do que impor regras, o que José Afonso transmitia aos filhos eram valores de partilha e de respeito pelo outro, “mas também queria o quarto arrumado” (Prosema III)*, conta Joana Afonso, 47 anos. Lembra-se de uma disputa entre ela e o irmão Pedro, com menos quatro anos e meio, que acabou com um brinquedo novo no lixo. “Não me recordo de qual era o brinquedo, mas estávamos naquelas discussões: ‘É meu’, ‘é meu’, ‘não é nada, é meu.’ Ele veio e deitou-o fora. ‘Não é de ninguém. Nunca mais quero ouvir essa discussão’.” Resultou até hoje. “Não tivemos mais discussões dessas. O meu pai não suportava o egoísmo. Era tudo na base de: ou é de todos ou não é de nenhum!”
Joana Afonso ri-se ao recordar um outro episódio em que ambos, Joana e Pedro, não queriam sair de casa porque ia “dar qualquer coisa na televisão”. E fizeram finca-pé. O desfecho foi a televisão ir passar uma temporada na casa da porteira. “O meu pai achava que devíamos aproveitar o tempo livre na rua, devíamos sair e passear sempre que pudéssemos. Ele detestava que a televisão nos impedisse de fazer outras coisas bem mais importantes. Se fosse hoje, seria mais difícil, com toda a oferta televisiva que temos. Mas éramos todos espectadores assíduos do Vasco Granja!"
Não se recorda de castigos, nem de zangas, só de um ou outro raspanete. “Nem sequer se zangou comigo quando chumbei um ano.” Mas duas palmadas vêm-lhe à memória. A primeira já esqueceu o motivo, a segunda lembra-se bem. Foi numa viagem de carro para Espanha, em que as “tolices” dos dois irmãos (ambos filhos de Zélia Afonso) fizeram estragos: “A ‘lamparina’ que levei foi a gota de água de uma viagem supostamente tranquila e prazenteira, que eu e o meu irmão conseguimos infernizar com uma série de tropelias.”
O episódio, na opinião de Joana, até “foi cómico”. E descreve-o assim: “Depois de alguns dias de viagem stressante, há um parvalhão que decide encostar o nosso carro e pedir contas porque dois miúdos lhe faziam [o gesto de] cornos. O meu pai passou-se com o tipo, que era obviamente um idiota.” No entanto, a palmada que Joana recebeu não veio logo. “Depois de muitos quilómetros percorridos em silêncio e ambiente pesado, levei um estalo. Ele já devia estar de saco cheio, por razões óbvias.”
Vivendo em casas sempre cheias de gente e movimento, “com muitos amigos a entrar e a sair a qualquer hora”, Joana Afonso diz que não havia rigidez no cumprimento daquelas regras das famílias mais tradicionais, com horas certas para as refeições ou para deitar. “Tivemos uma educação muito livre e permissiva, no bom sentido. Só nas questões de ordem ética é que o meu pai era intransigente.” E hoje dá-se conta de que reproduz com o seu filho, José (cinco anos), os mesmos princípios. “Sigo ideais muito semelhantes, embora o contexto seja outro.”
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Foto: Zeca e a filha Joana
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