sábado, 7 de outubro de 2017

Regresso de Moçambique - Agosto de 1967

"Quando o barco atracou no cais de Alcântara (setembro de 1967), a única pessoa que o esperava era um jornalista da rádio, Adelino Gomes, a quem declara estar na disposição de ser exclusivamente professor, porque era seu propósito firme abandonar as cantigas. Este informa-o que havia grandes expectativas à volta dele, ao que Zeca respondeu:

“Vou para o Algarve, vou deixar de cantar, porque isto de cantar não quer dizer nada, não interessa a ninguém”; explicando-lhe ainda que não lhe daria a entrevista que lhe solicitava porque já não se considerava um cantor. Perante a insistência: “Mas você não pode deixar de cantar, você é extremamente importante, para os estudantes, para a malta, aquilo que você canta diz-nos tanto, é através da sua voz que nós chegamos lá. Nós na rádio quando queremos dizer qualquer coisa dizemo-lo através das suas canções”, lá lhe deu a entrevista.

José Afonso referir-se-á mais tarde a esta importância “exagerada” que encontrou no regresso de Moçambique “fui rodeado por um mito quase sebastianístico (…) constatei com alguma surpresa, que à minha volta se formava um clima de expectativa, como se eu viesse trazer alguma coisa de novo (…) Parecia que as pessoas queriam manifestar-se e não sabiam como. E agora estava ali um tipo que falava em vez deles”

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daqui:http://www.jornalmapa.pt/2017/02/11/panegirico-jose-afonso/

Adelino Gomes, Público, 23 de Fevereiro de 1992

Aqui o Adelino refere a chegada de Zeca em setembro. Zeca embarca em agosto e chega em setembro a Portugal.


Pintura: Acrílico sobre tela, 50x70cm de Josefa Moura​




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