Os Setes de Ouro , iniciativa do semanário SE7E , representavam um estimulante orgulho para quem os recebia, garantidos por um júri. de prestigiados nomes do jornalismo, artes, letras e espectáculos.
Passo os olhos por estes prémios e outros, todos os dias, não em contemplação embevecida, assim como quem enche o ego de baba arrogante. Apenas porque estão na sala onde jantamos , ali estão mesmo em frente do meu lugar à mesa.
E penso que valem para mim, na justa medida em que tive o privilégio de integrar um grupo de nomes cujo talento me engrandeceu.
Ali estava entre alguns dos nossos melhores, eu com este feitio de enfezar a auto estima, quase me sentia o suplente de tão grande equipa .
Nesses dois anos de 1981 e 82 foram-me atribuídos cinco canudos do SE7E, mas há um que me anima a vida nos momentos difíceis e me enche o peito de ar em horas decisivas, quando é preciso dar o melhor de mim.
José Afonso recebeu o Prémio Especial SE7E de Ouro e eu o Prémio da Popularidade SE7E de Ouro.
O menino Julinho, o tio Julião, apenas o Júlio, ao lado do poeta das nossas utopias, a voz dos nossos silêncios , o grito da nossa condição, a doçura dos nossos corações.
Aconteça o que acontecer quando chegar ao fim, não serão os anos de vida que irão contar, mas a vida que preencheu esses anos.
Escrevo estas linhas, após ter descoberto num saco de uma sapataria, já rasgado, este testemunho de vida , perdido entre tantos recortes que irei juntar à minha biografia.
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