"Íamos, os dois, em pé, no eléctrico para a Praça da República e ele, no seu jeito irreverente, disse, em voz alta, uma graçola qualquer sobre Salazar - talvez: "Diz-se que o António tem um cancro; coitadinho do cancro!". Houve uns quantos sorrisos discretos...
Quando descemos do eléctrico, o Zeca foi abordado por um sujeito desconhecido que lhe mostrou "qualquer coisa", que trazia escondida sob o virado do casaco. "Que raio de merda é essa?", foi a reacção descontraída do Zeca. O homem agarrou-o por um braço, e mostrou-lha melhor - era um crachá da PIDE!
O Zeca ficou entupido e o homem disse-lhe: "Tenha juizinho e não volte a dizer aquelas baboseiras!"
fonte: "Zeca Afonso antes do mito" de António dos Santos e Silva
foto: Zeca com o irmão João, António dos Santos e Silva deitado no capô e o primo Tó, filho da tia Avrilete, atrás à dtª.
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