“A tia Avrilete era muito devota e ia todos os dias à missa. Um belo dia, à saída da igreja, a senhora caiu e partiu um braço. O Zeca, que estava sempre a gozar com a religiosidade da tia, não perdeu a oportunidade: ‘Está a ver! Devia ter ficado em casa!’. Mas a tia Avrilete apressou-se a garantir que ainda iria agradecer ao Senhor a graça concedida: ‘Podia ter sido pior!’ E o Zeca: ‘Não vá, olhe que ainda cai outra vez! E não é que caiu mesmo?!!” (1)
- Frequenta o Liceu D. João III, onde começa a cantar serenatas como “bicho-cantor" ("bicho" era a designação praxista dada aos alunos do liceu. Os "bichos-cantores" safavam-se à praxe, como serem rapados pelas "trupes").
“As minhas primeiras veleidades de cantor surgiram quando andava no 6º ano do liceu. As noites passava-as em deambulações secretas pela cidade, acompanhado de meia-dúzia de meliantes da minha idade, amantes inconsequentes da noite. Com uma guitarra e uma viola fazíamos a festa. Estávamos ainda longe do hieratismo triunfal das serenatas na Sé Velha diante de multidões atentas e respeitosas. O velho Flávio Rodrigues continuava a ser o «Mestre», venerado por um pequeno discipulado de guitarristas e acompanhadores que com ele se reuniam numa pequena casa do bairro de Celas onde acabou os seus dias minado por uma doença fatal.”(2)
- Chumba em 1945 e 46.
- Em 1948 termina o Liceu
1949 - inscreve-se no curso de Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras.
- Vai com o Orfeão Académico da Universidade de Coimbra a Angola e Moçambique.
1950 - Casa com Maria Amália, uma costureira que vivia em frente à casa da tia.
- Vai viver para um quarto perto do seu amigo Santos Silva
- Deixam esse quarto e vão viver para o Beco da Carqueja onde nasceram os filhos José Manuel e Helena (1953).
"A visão poético-estudantil em que eu me considerava um herói de capa e batina, um cavaleiro andante, desapareceu ou foi desaparecendo com o tempo e à medida que fui vivendo numa situação económica extremamente difícil com os meus dois filhos no Beco da Carqueja".(3)
- Frequenta as Repúblicas, tanto ia aos "Kágados", onde comia ovos à uma da manhã, como passava pelos "Galifões", ou "Corsários das Ilhas". Conheceu «muita malta» da «Pra-Kys-Tão», do «Palácio das Loucuras» e «Ay-Ó-Linda» (onde na parede de um dos quartos do 1º andar, se encontra escrito o poema "Tecto do Mendigo")(4)
Uma das que mais frequentou juntamente com o Adriano, foi a Republica do "Bota Abaixo" (Inicialmente estiveram instalados na Rua do Borralho, depois foram transferidos, precisamente por causa das demolições na Alta, para a Rua de S. Salvador nº 6, onde ainda actualmente estão instalados)(5)
Sobre um outro lugar frequentado em Coimbra por Zeca Afonso (Café "A Brasileira", é só clicar neste endereço.
Café "A Brasileira"
Homenagem a Zeca Afonso na República "Bota-Abaixo"
Fontes:
(1)Santos Silva in Zeca Afonso ‘Antes do Mito'
(2)José Afonso, Autobiografia, Cidade da Beira, 1967
(3)Citi
(4)In José A. Salvador - Livra-te do Medo.
(5)in Republicas Universitárias de Coimbra
Fotos: AJA e net
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