Mulher feita de pernas
braços
perfumes passageiros
Que rompe a madrugada decisiva
Que agoniza
em cada dia que passa
Colónias de símios
Seguem-na de perto
coçando o pêlo
dardejando cobiças
Mulher
à beira
duma largada de pombos
Que fazer do teu braço
do teu crime
da tua mão justiceira?
Rasgas um véu de carne
à tua frente
para poderes ver quem te oprime
te insulta
te incendeia
Não sabes
que rumo terá
a tua marcha migratória
pelas ruas
por onde outrora se viam
sinistros vultos de capuz
Timoneiros da morte
Cadáveres conduzindo sírios
em filas
de gargantas acesas
como piras
Corta
Fulmina
Com a tua clara música
a noite da suástica
Mulher viva
Paris, 29 de abril de 1980 e Azeitão de 1980
Foto: carga policial na década de 40 no Barreiro.
Sem comentários:
Enviar um comentário