domingo, 21 de outubro de 2018

Paulo Ferreira - Saudades de Coimbra

Zeca Afonso. Nasci em 1970. O Zeca Afonso faleceu em 1987. Dele podia colocar quase tudo como referência. Desde as coisas mais engajadas, que antes de tudo vejo como uma referência histórica que ajuda a compreender um determinado tempo, até composições mais líricas, sem outro comprometimento que não a beleza do poema e da música.

Quando em Janeiro de 1990 rumei a Coimbra levava na minha bagagem algum do património cultural da cidade, e mais propriamente da Academia. A minha paixão pela Canção de Coimbra começou com o "Dr. José Afonso". Algum tempo depois de permanecer na cidade acabei por compreender a importância seminal que o disco de José Afonso teve no ressurgir "desenvergonhado" do fado de Coimbra. Em 1981, data da edição deste disco, era preciso, ainda, muita coragem para alguém com a dimensão do Zeca Afonso, com a sua perspectiva social, cultural e política, editar um disco exclusivamente com fados de Coimbra. Ainda que a título póstumo, admirei-lhe a coragem por quebrar com alguns clichés que colocavam rótulos no fado de Coimbra. Admirei-lhe a coragem de, depois de ter liderado o movimento da balada, num corte "epistemológico" com o fado "sebenteiro" e perpetuador de imagens de boémia e descomprometimento social do estudante, ter regressado à Alma Mater das suas primeiras gravações.

Assim, e porque também vem a propósito de uma certa Coimbra em que num contexto de gentes, tempo e lugar, me traz gratas memórias...

"Saudades de Coimbra"

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