terça-feira, 13 de novembro de 2018

Crise Académica (luto académico) - 1969

A crise académica de 1969 começou mais precisamente, na manhã do dia 17 de Abril desse ano e que se prolongou até 1 de Outubro de 1969.quando não foi permitido aos estudantes o uso da palavra durante a inauguração do edifício das matemáticas. Alberto Martins, na altura presidente da Direção Geral da Associação Académica, subindo para uma cadeira com a capa aos ombros diz:

“Em nome dos estudantes de Coimbra, peço a palavra”.

O regime não o permitiu e, a 17 de abril, Alberto Martins foi detido e passou a noite na cadeia. Outros oito estudantes da Universidade, a 22 de abril, foram suspensos e proibidos de assistir às aulas. A Assembleia Magna decreta o luto académico e muitos artistas aderem a esta luta estudantil.

Foi decretado «LUTO ACADÉMICO» pela Academia, foram expulsos Professores por apoiarem inequivocamente a luta dos estudantes de Coimbra e também alunos, cujo destino imediato era a Guerra Colonial, a Universidade chegou mesmo a ser encerrada e, no dia 28 de Maio, em Assembleia Magna, foi votada a "Greve a Exames". O jardim da A.A.C. foi palco de convívios culturais, que contaram com a presença sempre solidária de Zeca Afonso, Rui Pato e outros.

José Afonso deixou uma mensagem:

"Lembra-te que o dia de amanhã é o dia de hoje que tu ontem tanto temias".

1969 foi o ano que "acabou" a ligação entre Zeca e Rui Pato. Impedido pela PIDE de se deslocar a Londres onde Zeca iria gravar o LP "TRAZ OUTRO AMIGO TAMBÉM" devido à luta estudantil, Rui Pato foi substituído por Carlos Correia (Bóris).

Voltariam a cantar e a tocar juntos 14 anos depois, janeiro de 1983, no Coliseu, onde Rui Pato acompanharia Zeca em três dos seus mais antigos temas.

“A Crise de 69 teve um sarau fabuloso que é feito com os que conseguem chegar a Coimbra. Quando havia um sarau desse tipo normalmente você punha “Carlos Paredes e outros”, os outros já se sabia se se conseguisse chegar o Zeca, a PIDE cercava Coimbra. O Zeca já cá estava e foi um sarau fabuloso, todo aquele sarau foi um comício de rebeldia, bom do ponto de vista musical, o Zeca estava inspirado naquele dia… O Carlos Paredes, por exemplo, foi parado, apanharam-no. Mas com um conteúdo aquele espectáculo… toda a gente percebia que aqueles FRA’s tinham um cunho muito especial…*

* Entrevista a José Gabriel

Jardins da AAC

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