sábado, 29 de outubro de 2016

Os cantores malditos

“Éramos cantores dos meios proibidos, subterrâneos, não usávamos de qualquer protecção policial. Muitas dessas actuações não se chegavam a realizar, porque as autoridades as proibiam. Em contrapartida, eram entremeadas de episódios que pelos seus reflexos assumiam consequências muito mais importantes do que uma intervenção meramente musical.”

José Afonso

Flama, nº 137 - 17/6/74 - Fernando Cascais

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Festival FolkSong

O Festival a que Zeca Afonso e Rui Pato não foram

"O Primeiro de Janeiro", 04 de Março de 1969

José Afonso não foi ao Festival e terá perdido a possibilidade de conhecer Bob Dylan...

PS - A esta notícia não terá sido alheio o postal que Zeca Afonso enviou a Rui Pato. O Pai de Rui, Rocha Pato, era jornalista de "O Primeiro de Janeiro".

Diria Rui Pato​ sobre a não ida a este Festival

"A data é de 2 de Março de 1969 e, dado que a crise académica me "retirou da circulação" em Junho... Não compareci e o Zeca também não. Até hoje, estou convencido que foi por solidariedade para com a nossa causa."

daqui:

http://guedelhudos.blogspot.pt/search?q=Jos%C3%A9+Afonso+n%C3%A3o+foi+ao+Festival+e+ter%C3%A1

http://guedelhudos.blogspot.pt/2008/06/zeca-afonso-falha-encontro-com-bob.html

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Zeca Afonso

Eras igual a nós
Não fora o teu canto,
Mas, ao som da tua voz,
Ruflavam asas...
De amor e pranto.

Ecos, memórias
De lá da infância.
Mundos, quimeras
Dalém distância.
Raiva, ternura...
Flores que brotavam,
Como por graça,
Dum chão de mágoas
Intemporal.
Sede sem taça
De água lustral.

E o peito solto
Como um vela.
As mãos vazias.
O braço dado.
Pés de andarilho
Sem dono ou trela.

Quebrado o encanto,
Ficou a vida.
Mais velha e chã.

Falta o teu canto,
Zeca:
Hino e alerta,
Flor da Manhã!

in "Poemas de fim de dia" inserido no livro "Zeca Afonso - antes do mito" de António dos Santos e Silva

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

O avô Cerqueira

- Descobri recentemente - conta - que sou neto de um gajo, um maçon livre-pensador de Aveiro, um republicano daqueles bigodudos que esteve ligado a um movimento importante de renovação escolar. Chamava-se Domingos José Cerqueira e parece que foi um dos tipos que introduziu o culto da árvore nas escolas. E chegou a fazer uma «cartilha» ("Cartilha Escolar" - 1912 - Livraria Chardron, da Lelo&Irmão), a segunda depois da «Cartilha Maternal» de João de Deus. (1)

José Afonso

Domingos José Cerqueira, avô materno de José Afonso, nasceu em Ponte de Lima (14-4-1870) e morre com 57 anos, em Aveiro por doença (8-12-1927). Exerceu o seu labor profissional no campo do Ensino Primário, foi jornalista e, nesta cidade (Aveiro), iniciou a criação de escolas infantis – as primeiras que existiram em Portugal.

(1) in «As Voltas de Um Andarilho» de Viriato Teles (Assírio & Alvim - 2009)

sábado, 22 de outubro de 2016

A margem sul

"A margem sul (entenda-se: do Tejo) era um terreno minado de cumplicidades subterrâneas. O conceito era mais político do que geográfico e, por isso, incluo nele, por minha conta, o Alentejo... com as suas cores dominantes, o verde e loiro dos sentidos (conforme as estações), o vermelho das convicções.

Rui Pato​ conta, em saborosas lembranças, como se metiam no comboio, Zeca e ele (mais as violas), e viajavam de borla, tendo a pairar sobre as cabeças, como um possível diadema, o beneplácito dos revisores que passavam de uns para aos outros a senha de salvo-conduto. Às vezes por conta da cumplicidade tácita e oculta, traziam de volta propaganda clandestina. Foi assim que em 1967, alguém se achegou a Rui Pato e, à socapa, lhe meteu nas mãos um rolo de exemplares de um jornal cubano que noticiava a morte de Che Guevara (9 de outubro de 1967). - «Para distribuir em Coimbra, camarada», murmurou a voz anónima."

in "José Afonso - Um Olhar Fraterno" de João Afonso dos Santos

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Casa do Zeca em Monsanto

O irmão João Afonso refere no seu livro "Um olhar fraterno" que Zeca a tinha comprado por 10 contos mas não chegara a lá viver pois a casa já nessa altura não tinha condições de ser habitada. Zeca nunca a recuperou e não chegou a mudar o registo para o seu nome.

1969 - "No decurso da peregrinação Zeca faz o único negócio que se lhe conhece da sua iniciativa. Compra por 10 contos, mediante ajuste verbal e entrega de dinheiro, uma casa tosca e exígua em plena aldeia de Monsanto (sem transmissão de jure)."

Dizia Zeca sobre a razão da compra da casa:

"Porque às vezes é preciso pôr lá fora alguns camaradas e vai servir para os esconder e passarem para Espanha."

A Câmara de Idanha-a-Nova intervenciona recuperando o imóvel por apresentar condições de risco.


No dia 27 de abril de 2014 é descerrada uma placa na casa do Zeca como documenta o plano das Festas.


A intenção era transformar esse espaço em uma casa-museu dedicada ao cantor mas pelo que se vê, nas fotos, não será tão cedo que essa vontade se torne realidade.

Fotos:

Alexandra Cidades



Fátima Régio


quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Sinais dos tempos

Faro - Agosto de 2016

Foto: Nuno Costa Branco

Alfredo de Matos - Por trás daquela janela - manuscrito.

"A 22 de Julho de 1970, Zeca dedicou-me Por Trás Daquela Janela, Poema, por si criado e manuscrito, que posteriormente mo entregou.
Estava eu, então, preso no Forte de Caxias. Foi em Maio daquele ano, no dia 3, que a PIDE assaltou, simultaneamente, no Distrito de Setúbal, de madrugada, oito casas, prendendo oito cidadãos: quatro, em Setúbal – Carlos Lopes, António Gonçalves, Fernando Carlos e Zacarias Fernandes. Um, na Moita – Staline Rodrigues. Um, em Alhos Vedros – Leonel Coelho. Dois, no Barreiro – Álvaro Monteiro e Alfredo de Matos."

Imagens:

Alfredo de Matos na época e o manuscrito do poema

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Zeca Afonso na Falagueira

Zeca Afonso por Odeith no âmbito da segunda edição do "Conversas na Rua" com o apoio da Câmara Municipal da Amadora.

Local: Rua António Duarte Caneças


Graffiti: Odeith

Fotografia (de 7 a 12out2016):

Catarina Martins
Mário Lima

Música:

"Traz Outro Amigo Também" de José Afonso

Montagem:

Mário Lima

Obra realizada entre 7 a 11 de outubro de 2016






terça-feira, 11 de outubro de 2016

José Afonso - Cantares de José Afonso

A 1ª edição de 1964 tinha sido censurada. Em 1969 sai a 2ª edição com uma alteração. O tema "Ó Vila de Olhão" tocada por Rui Pato​ e cantada pelo Zeca, foi substituida por uma faixa instrumental a cargo do Conjunto de Guitarras de Jorge Fontes.




terça-feira, 4 de outubro de 2016

Grupo "De Outra Margem" canta José Afonso

O Grupo "De Outra Margem" formado por instrumentistas galegos e cantor português, interpretam aqui três temas de José Afonso.

- Os índios da Meia-Praia
- Menino d'Oiro
- As sete mulheres do Minho


sábado, 1 de outubro de 2016

Germano Rocha canta José Afonso

Do LP Germano Rocha - Editora: Barclay 86112 Standard - 1965

- No Lago do Breu,
- Vampiros
- Senhor Poeta
- Menino do Bairro Negro