terça-feira, 28 de novembro de 2017

"A noite em que José Afonso..."

"A noite em que José Afonso influenciou uma canção dos Pet Shop Boys"

Há um single editado pelos Pet Shop Boys já neste século que nasceu de uma tentativa de fazer uma versão de uma canção com letra popular e música de José Afonso…

Uma noite, a dupla, depois de jantar, passaram por um bar no qual encontraram um grupo a tocar canções portuguesas (na cidade do Porto). Gostaram de uma delas em particular, que era nada mais nada menos do que As Sete Mulheres do Minho, com letra popular e música de… José Afonso.

Gostaram mesmo tanto que tentaram criar uma versão que contudo não lhes saiu tão bem como o desejado, acabando por compor Together, diretamente inspirado por este tema que podemos encontrar no alinhamento do álbum Fura Fura… Mas que caminhou para uma dimensão pop eletrónica, muito dançável e bem atual. E que Chris Lowe confessa que lhe soou mais a coisa russa, daí o teledisco então criado para apresentar esta canção que nasceu para que houvesse um inédito no alinhamento de Ultimate, um best of editado em 2010.

daqui: https://maquinadeescrever.org/2017/11/01/a-noite-em-que-jose-afonso-influenciou-uma-cancao-dos-pet-shop-boys/#prettyPhoto

Este é o tema que foi inspirado nas Sete Mulheres do Minho. Não tem nada a ver, mas conta a intencionalidade.

sábado, 25 de novembro de 2017

Rui Pato - Do meu álbum

José Afonso e a Zélia Afonso

Quando vinham a minha casa ao Bairro Norton de Matos , almoçar das iguarias da D. Rosa Melo, e o meu pai registava o momento.

Não posso precisar a data, mas , arrisco 1964.

Lembrei-me de publicar esta foto porque a Zélia me telefonou. Um abraço Zélia!

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

EP Coimbra - depoimento de José Niza

"Em 1956 e regressado do serviço militar que cumpriu de 1953 a 1955 (Zeca saiu da tropa em 14 de janeiro de 1956), José Afonso volta a gravar mais quatro fados de Coimbra "Incerteza" de Tavares de Melo (erro, "Incerteza" faz parte dos primeiros singles de Zeca gravados em 1952 e editados em 1953. Foi gravado sim "Solitário" de Horácio e Francisco Menano), "Mar Largo" de Paulo de Sá (Paulo de Sá é só o autor da música sobre letra popular/Edmundo Bettencourt), "Aquela Moça da Aldeia" de António Menano (erro, é letra de Américo Durão e música de Francisco Menano) e "Balada" com música do cantor sobre um tema popular açoreano.

Os acompanhamentos foram assegurados por António Portugal e Jorge Godinho (guitarras) e Manuel Pepe e Levy Baptista (violas). O grupo de António Brojo (António Brojo, António Portugal, Aurélio Reis e Mário de Castro que gravara com o Zeca os primeiros discos) tinha-se entretanto dissolvido. (...)

É curioso que José Afonso praticamente as ignore (as gravações dos fados de Coimbra em 1953 e 1956) nas muitas entrevistas que deu.

Num depoimento à RDP-1, já em 1985 e em relação a esta sua fase iniciática, diz o cantor: «Gravei uns faditos de Coimbra». E mais não disse."

in livrete Jose Afonso de José Niza da "Movieplay Portuguesa"

Embora a gravação dos fados deste EP se tenham realizado em 1956, o EP só foi editado em 1960, já li algures que o mesmo foi editado em 1958 (a confirmar portanto).

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Fernando Machado Soares - BALADA DO OUTONO

Magistral interpretação de Fernando Machado Soares do tema de Zeca Afonso "BALADA DO OUTONO"


Zeca e o fado de Coimbra

Zeca e o fado de Coimbra

(sobre a edição do LP Fados de Coimbra e outras canções - 1981)

"Criou-se aí, sobretudo entra a malta progressista, uma ideia de que o fado de Coimbra é, digamos, um produto reacionário. De inferior qualidade. Que exprimia um sentimento piegas, lamecha, etc. De facto, grande parte dos fados de Coimbra, assim como muitos fados de Lisboa, têm essas características. Mas, o que é certo é que esse tipo de fado correspondeu a um gosto que surgiu, em determinada altura, em Coimbra. Era uma canção mais ou menos dominante, aceite pela classe dominante, aceite pela classe estudantil, mas aceite também por outro tipo de camadas. Por vezes, o próprio estudante alternava a cantar com cantores não estudantes, normalmente em locais ao ar livre." (...)

Por que não se há-de cantar o fado de Coimbra? Agora, fazem-se serenatas monumentais com figuras ligadas à direita, e cantando os fados mais imbecis, com as letras mais tolas e mais atrasadas que se fizeram em Coimbra, devidamente protegidos pela polícia. Quando eu cantava fados de Coimbra nas ruas e não tinha devida autorização, não nos livráramos da intervenção policial, por vezes violenta."

Entrevista de Maria Eduarda a Zeca Afonso publicada na edição nº145 de 9 de dezembro de 1981 do jornal “em marcha”

foto: Zeca no Coliseu do Porto em 1961

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Teresa Paula Brito canta José Afonso

EP, Riso & Ritmo, 1970

Depois de ter cantado “Vai, Maria Vai” no álbum “Contos Velhos, Rumos Novos”, Teresa Paula Brito abraça no seu quinto trabalho a solo várias canções de José Afonso: “Balada do Sino”, “Vejam Bem”, “O Cavaleiro e o Anjo” e “A Cidade”.

daqui:

http://musicaapretoebranco.blogspot.pt/search/label/José%20Afonso

Podemos ouvir "Balada do Sino" com a capa assinada por José Afonso.


(referência a este EP, no MC de Avelino Tavares)

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Lá no Xipangara

"Aos fins de semana, saíamos pela tarde, aparelhados. O Alvaro Simões, que por lá ficou, moçambicano por opção, com a sua câmara fotográfica a tiracolo, eu armado da minha 8 mm. de filmar, e o Zeca. Com todos os comple­mentos da ordem: tripés, jogos de lentes e filtros, fotómetros, gravador, que sei eu. Isto depois de termos espiado o céu, medindo a olho a luminosidade e o “calor” da luz.

E, quando o sol a meio do quadrante perdia o gume de aço, começava a projectar sombras e a desentranhar-se em cores, vagueávamos pelo “Xipangara”, essa outra cidade do caniço que envolve a Beira.

Dos três, era Zeca o único que não dependia senão dele mesmo, num indeterminismo vagabundo que desde sempre foi uma sua segunda natureza, acrescentado da crónica aversão que sentia ou acreditava sentir pela máquina em geral, penso que para melhor defender o seu livre arbí­trio. Levava os olhos e o espírito para ver, naquela peculiar e muito pessoal maneira que era a sua de ver as coisas, captan­do-lhes por debaixo da pele, se assim me posso exprimir, os sinais duma verdade oculta. Via e, claro, cumulativamente, ouvia e registava os sons, o ritmo, a linguagem expressiva dos corpos."

João Afonso dos Santos

foto: João e Zeca

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Chorei!

(depoimento de José Paracana)

"Perfeitamente presente, no espírito, o momento em que recebi a triste notícia da morte do nosso Zeca Afonso!
Morava em Aradas, ao tempo, e foi no sótão que eu usava para ouvir música e trabalhar.
Estava a ouvir rádio, o que nem era tão habitual como isso! O locutor de serviço anunciava que o Zeca tinha falecido!

Chorei, como nunca havia chorado por pessoa que não era da família! Muito! Não que seja eu um durão! Mas a figura amiga do Zé Afonso, que eu tive o gosto de conhecer pessoalmente, de com ele falar, ocupava/ocupa no meu cofre de memórias o gavetão mais sumptuoso, mais apreciado!

(...)

Na guerra colonial, foi com o Zeca, com a sua musa e o seu exemplo, que consegui levar de vencida a terrível e podre situação de antagonismo perante indivíduos que compreendia e respeitava: os guerrilheiros, que "construíam o seu país", como ele escreveu e cantou numa das suas trovas!
Para ele o dinheiro era um acessório, e bem que poderia ter vivido muito mais rico, materialmente, do que viveu.

Já depois do 25 de Abril, certa manhã encontrei-me com ele casualmente: vínhamos os dois no comboio para Lisboa, a partir do norte. E na plataforma, a caminho da saída - seriam umas dez e trinta, meti conversa. Fomos seguindo para a porta, até que ele me perguntou: "Tens aí dinheiro? É que venho de uma sessão de canto livre, em Amares, e aqueles mariolas esqueceram-se de me dar alguma coisa. E eu ainda não tomei o pequeno-almoço!"... Palavras para quê? O Zeca era um dos seres que ultrapassa a concepção mais complexa que possamos conceber! Para ele, o que importava mesmo era o seu semelhante oprimido e explorado! Ele, a quem tantos exploraram, na sua imensa despreocupação com os bens materiais deste mundo...

- "Canta sempre para nós, oh Zeca, que é sangue e seiva a tua voz!" disse o Zé Mário. Eu subscrevo. Todos os de boa vontade o farão, também!"

daqui:

http://guitarradecoimbra.blogspot.pt/2007_02_25_archive.html

Nota: O José Paracana autor deste tema, não tem nada a ver com José Pracana, fadista, falecido em dezembro de 2016)

foto: Zeca em canto livre em (?)

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

"Lua Extravagante" canta José Afonso

O Grupo "Lua Extravagante" é constituído por Filipa Pais, Vitorino, Janita e Carlos Salomé​.

Começou por ser um grupo, depois de um espectáculo, e finalmente um disco.

O grupo surgiu da colaboração entre os irmãos Salomé e, numa primeira fase, Pedro Caldeira Cabral. Foi com ele que, segundo Vitorino, “fizemos as primeiras experiências de utilização da viola campaniça na execução de modas alentejanas, no seguimento da tradição de usar instrumentos como acompanhamento ao cantar em convívios ou pequenas festas.”

daqui:

http://www.pflores.com/luaextravagante/print/biografia.php

Nesta atuação ao vivo no programa de entretenimento "Regresso ao Passado" apresentado por Júlio Isidro em 12-09-1990, dedicado ao ano de 1965, podemos ver, colaborando com o Grupo, Sérgio Mestre (Serginho) e Dudas.

Canto Moço


Nesta outra atuação ao vivo num programa de entretenimento apresentado por Júlio Isidro, dedicado ao Natal em 23-12-1990, podemos ver, colaborando com o Grupo, Sérgio Mestre (Serginho).

Natal dos Simples



Canção de Embalar







quinta-feira, 9 de novembro de 2017

"A Tota a Vela"

(do álbum ao vivo "Qui Té Un Amic" - 1989)

Letra que Zeca ofereceu a Pi de La Serra.

(pesquisa e montagem: Mário Lima)


segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Se Te Disserem

Se te disserem que um gorila salvou a tua irmã
E que não é bonito pensares a todo o momento
Na caixa de correio vazia
Pensa bem, mano, na fórmula que adoptaste
Para uma sociedade sem classes
Onde não adianta patinar na relva como os ursos.
Só eles possuem o dom do peso
Aliado à levitação,
Mas a um qualquer é permitido rir
E falar alto como se acordasse em forma.
Fora do orabolas em que foste criado
Há muita coisa à espera de ser vista
Pela primeira vez
Se guardião-centauro de crespas unhas
Pronto ao disparo da saliva
Em vez de balas.
Não te rias de quem sofre à beira de água
Porque deles é também o reino da luta.
Na feira onde o loureiro medra ao quïlómetro dezassete
E se afoga a virtude em cântaros de água
Não há lugar para a débil panaceia de risos.
As árvores crescem e tu com todas
Fora do pedúnculo
Junto à terra


Zeca Afonso, in 'Textos e Canções'

foto: mural em Lagos

sábado, 4 de novembro de 2017

Guimarães - 1970

Fotografia muito pouco conhecida, direi inédita, onde se pode ver José Niza, Zeca Afonso e Adriano Correia de Oliveira em palco.

Esta foto é de 1970, de um evento realizado em Guimarães.

Sobre este espetáculo diz José Niza:

«Voltámos a encontrar-nos em 1970 (ele, Zeca e Adriano): eu tinha vindo de férias a Portugal (Niza estava como médico militar em Angola) e o Adriano (...) "agarrou-me" para ir acompanhá-lo a ele, e ao Zeca, num espetáculo em Guimarães.»
Esta foto faz parte do tremendo acervo que o "MC - Mundo da Canção" de Avelino Tavares tem neste "site".

http://mundodacancao.pt/