Cancioneiro de Elvas, Cancioneiro de Lisboa, o Cancioneiro de Belém e o Cancioneiro de Paris.
Para além destes há os Cancioneiros medievais:
Cancioneiro da Vaticana, Cancioneiro Colocci-Brancuti (Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa) e o Cancioneiro da Ajuda.
'TU GITANA' faz parte do cancioneiro de Elvas (Tu gitana que adeuinas - século XVI), e é uma cantiga de autor desconhecido, do género vilancico (1)
É natural que durante os séculos seguintes este, e outros cancioneiros, se tenha dispersado pela península ibérica e daí advir a confusão deste tema ter origem em Vila Viçosa.
(original)
Tu gitana q̃ adeuinas,
me digas pues no lo sé
si saldré desta vẽtura,
ó si enella moriré.
No me niegues coſa alguna
De Quãtas me an de venir
Que no temo sino vna
Y desta no puedo huir.
Y pues sé que he de morir
Dime el quãdo por tu fé,
Que salir desta ventura,
Ya yo sé que no saldré.
Zeca Afonso altera a segunda quadra, criando uma nova.
Tu gitana que adivinhas
Me lo digas, poes no lo sê
Se saldré dessa aventura
Ô si nela moriré
Ô si nela perco la vida
Ô si nela triunfaré
Tu gitana que adivinhas
Me lo digas, poes no lo sé
(1) "Pode definir-se o vilancico primitivo como uma canção formada de pequenos textos poéticos (vilancetes) de frases curtas e de carácter estritamente popular e profano, musicados com melodias muito simples que o povo cantava nas ocasiões festivas e no seu quotidiano.
(Bessa, 2001:22).
Começou por se chamar “chansoneta”, nome que passou a coexistir com o de “vilancico” que lhe foi dado nos finais do século XV e a que se refere Juan del Enzina “y si tiene dos pies llamamosle también mote o villancico” (cit. in Pope, 1980: 767).
O termo “vilancico”, dado a uma canção em que o refrão era composto de dois ou três versos, provinha, no mais aceite sentido etimológico, de “vilhano” (Pope, 1980) – camponês em castelhano. A temática relaciona-se com elementos campesinos e profanos e, aquando do seu aparecimento nos finais do século XIII ou princípios do XIV, não indicava qualquer origem de índole religiosa.
Apesar das influências que recebeu doutras canções – zéjel árabe, virelai francês e balata italiana – não perdeu as características de genuinamente peninsular, conservando os sentimentos e simplicidade expressos no texto e na música, embora na estrutura muito se assemelhem.
O vilancico, simples, popular e profano, foi a canção escolhida pelo povo que a cantava e dançava nas romarias e preferido pelos nobres para animar os serões da corte e palácios.
Pelo sentido místico que adoptou, foi aproveitado pela Igreja acompanhando, durante o século XV, os autos religiosos, primeiro fora e, depois, dentro dos templos e toma lugar nos actos litúrgicos durante a reza das Matinas, apesar da grande oposição da Igreja conservadora."
Como sempre a igreja aproveita o sucesso do profano e transforma-o em religioso. Teria sido assim com a Saturnália, festa pagã do tempo do império romano, mais tarde integrada pela igreja nas comemorações natalícias.
fontes: http://alemtunas.blogspot.pt/2016/07/tu-gitana-origens-e-autores-do-tema.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cancioneiro_de_Elvas
http://www.cancioneros.si/mediawiki/index.php?title=Cancionero_Musical_de_Elvas
https://cipem.files.wordpress.com/2007/01/05-2003-5-vilancicos-portugueses-do-sc3a9culo-xiv-ao-xviii1.pdf
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