terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Censura e apreensão do EP "Baladas de Coimbra" de 1963

Título: Apreensão de disco de Zeca Afonso "Baladas de Coimbra"

Assunto: Capilha do Secretariado Nacional da Informação contendo diversos documentos relativos à instrução do pedido aos serviços de Censura para a apreensão dos exemplares do disco de Zeca Afonso, que continha as canções "Menino do Bairro Negro" e "Os Vampiros".














Fonte: 'Casa Comum' da Fundação Mário Soares

Cópia de circular subscrita por José Afonso

Acerca da prisão de Sérgio Godinho no Brasil em 1982



Fonte: 'Casa Comum' da Fundação Mário Soares

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Cantar Alentejano - José Afonso

Em muitos lugares e referido por pessoas que considerava credíveis, a autoria deste poema cantado por José Afonso, era atribuída ao poeta algarvio Vicente Campinas (Vila Nova de Cacela, 1910 - Vila Real de Santo António, 1998). Não é! Sei que muitos gostariam que fosse por razões por demais conhecidas, mas o poema é mesmo do Zeca.

Se o poema cantado pelo Zeca é do Zeca, qual seria o poema dedicada a Catarina Eufémia, de Vicente Campinas? Feita a pesquisa encontro o poema. Nada tem a ver com o do Zeca e foi escrito posteriormente ao do Zeca, 18 de maio de 1965.

Em 1967 é lançado em Bruxelas um pequeno livro de seu título Catarina. Autor Vicente Campinas (PUBLICAÇÃO: Bruxelles, 1967 DESCR. FÍSICA: 43 p, [1] f. : il. ; 19 cm ilustração e capa de Miguel Flávio. primeiro livro publicado sobre Catarina Eufémia). Em 1973 é lançado em Portugal o mesmo livro pela CDE – BASE PROFISSIONAL DOS TRABALHADORES BANCÁRIOS DE LISBOA com outra capa.

São essa duas capas e o poema que aqui ficará registado. O mesmo serve para quem tenha dúvidas e para quem "colou" o poema do Zeca ao Vicente Campinas por razões que a própria razão por vezes conhece.

Livro saído em Bruxelas - 1967


1ª e última página desta edição.


(colaboração de Anália Gomes)

Livro saído em Lisboa - 1973


Capa de 1973 e poema encontrados aqui:

https://ephemerajpp.com/2010/08/12/comissao-democratica-eleitoral-cde-documentos/

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Concerto em Carreço

Local: Sociedade de Instrução e Recreio de Carreço, Viana do Castelo.

Data: 23/02/1980

Músicos: José Afonso, Júlio Pereira, Guilherme Scarpa Inês e Henry Talbot.

- Alípio de Freitas
- Arcebispíada
- O que faz falta
- O anel que tu me deste (instrumental)
- Instrumental
- Quem diz que é pela rainha
- Achega-te a mim Maruxa
- Macelada
- O Cabral fugiu para Espanha
- Se voaras mais ao perto
- Amor de estudante.

P.S.- dois temas deste concerto não foram colocados no vídeo, por se encontrarem incompletos

Temas retirados daqui:

http://www.aja.pt/um-concerto-de-jose-afonso-em-1980/


Postal de Zeca

De Rui Pato

Postal enviado de Setúbal ao pai do Rui Pato (Rocha Pato) no dia 9 de Outubro de 1968. Não sabemos para que espectáculo seria...nem se se terá realizado. Mas a foto, essa, foi de certeza...


Tudo assim ,muito artesanal...nós éramos os empresários de nós mesmos...tínhamos que tratar de tudo; e o Zeca não tinha jeito nenhum para tarefas destas...


(acervo/imagem de Rui Pato)

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

José Afonso em Grândola - 1974

12 de Junho de 1974

Comício-concerto de José Afonso, num piquenique colectivo de todos os habitantes da vila de Grândola.

Cantar Alentejano


Grândola, Vila Morena







sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Carlos Zíngaro

Carlos Zíngaro participou em três Lp's de Zeca Afonso, 'ENQUANTO HÁ FORÇA' (1978), FURA FURA (1979) e 'COMO SE FORA SEU FILHO' (1983).

Fausto foi o o responsável pelos arranjos e direcção musical do 'Enquanto há força'. Para além de outras sonoridades (Rão Kyao, flautas. Pedro Caldeira Cabral, sistre, viola e alaúde) convida Carlos Zíngaro a participar com o seu violino.

“Ele rodeava-se de músicos que favoreciam o seu pensamento”, considera o violinista. “Mas era o pensamento do Zeca. As canções eram aquelas. Com mais ou menos arranjos, aquilo que existe hoje do Zeca era o Zeca”.

Carlos Zíngaro conheceu Zeca no Pavilhão dos Desportos, tocava ele no Plexus, a primeira banda a introduzir o free jazz em Portugal.

“Terá sido por volta de 1976, naquela transição politicamente quente”, recua Zíngaro. “Houve uma festa no Pavilhão dos Desportos a favor de um jornal muito engajado e eu fui tocar com o Plexus. O Zeca estava lá a cantar com um grupo e lembro-me de ter ido ajudar com as letras, porque ele passava o tempo a deixá-las cair”.

Carlos Zíngaro cruza-se com Zeca nos 'Encontros de Música Contemporânea' organizados pela Fundação Calouste Gulbenkian

“das áreas da Música Popular Portuguesa”, além de Luís Cília (próximo da música erudita), que ali aparecia em busca de ser surpreendido. “Não percebi nada disto mas gostei imenso”, recorda o violinista de ouvir da boca do cantor. “Eram valores que prezo muito, principalmente nos dias que correm, de um instintivo baseado numa cultura, mas não numa cultura ostensiva de citação de obra. E fundamentalmente, algo que prezo ainda mais, uma enorme curiosidade. Goste-se ou não de uma forma mais epidérmica, pelo menos que se tenha curiosidade. E o Zeca tinha imensa”.

Zeca dizia só conhecer “dois ou três tons na guitarra” –, nunca significaram, no entanto, uma simplificação das canções que arquitectava interiormente ao pormenor. “Em termos de estrutura”, confirma Zíngaro, “tinha composições fabulosas, nem sempre fáceis. Não era uma pessoa muito estruturada, mas tinha um grande instinto”.

in "Enquanto há força" - RTP - Gonçalo Frota

Desenho: Zeca por Carlos Zíngaro

Carta

Carta que Zeca Afonso enviou a Rocha Pato (pai do viola Rui Pato que acompanhou Zeca durante anos), ao regressar de Moçambique em 1968. Sem emprego, expulso de várias escolas cá e em Moçambique e com 4 filhos...



(acervo/imagem de Rui Pato)

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

'Tu Gitana'

'Tu Gitana' aparece na discografia de José Afonso como pertença do Cancioneiro de Vila Viçosa. Vila Viçosa nunca teve cancioneiro conhecido. Em Portugal há 4 Cancioneiros renascentistas:

Cancioneiro de Elvas, Cancioneiro de Lisboa, o Cancioneiro de Belém e o Cancioneiro de Paris.

Para além destes há os Cancioneiros medievais:

Cancioneiro da Vaticana, Cancioneiro Colocci-Brancuti (Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa) e o Cancioneiro da Ajuda.

'TU GITANA' faz parte do cancioneiro de Elvas (Tu gitana que adeuinas - século XVI), e é uma cantiga de autor desconhecido, do género vilancico (1)

É natural que durante os séculos seguintes este, e outros cancioneiros, se tenha dispersado pela península ibérica e daí advir a confusão deste tema ter origem em Vila Viçosa.

(original)

Tu gitana q̃ adeuinas,
me digas pues no lo sé
si saldré desta vẽtura,
ó si enella moriré.

No me niegues coſa alguna
De Quãtas me an de venir
Que no temo sino vna
Y desta no puedo huir.

Y pues sé que he de morir
Dime el quãdo por tu fé,
Que salir desta ventura,
Ya yo sé que no saldré.

Zeca Afonso altera a segunda quadra, criando uma nova.

Tu gitana que adivinhas
Me lo digas, poes no lo sê
Se saldré dessa aventura
Ô si nela moriré

Ô si nela perco la vida
Ô si nela triunfaré
Tu gitana que adivinhas
Me lo digas, poes no lo sé

(1) "Pode definir-se o vilancico primitivo como uma canção formada de pequenos textos poéticos (vilancetes) de frases curtas e de carácter estritamente popular e profano, musicados com melodias muito simples que o povo cantava nas ocasiões festivas e no seu quotidiano.
(Bessa, 2001:22).

Começou por se chamar “chansoneta”, nome que passou a coexistir com o de “vilancico” que lhe foi dado nos finais do século XV e a que se refere Juan del Enzina “y si tiene dos pies llamamosle también mote o villancico” (cit. in Pope, 1980: 767).

O termo “vilancico”, dado a uma canção em que o refrão era composto de dois ou três versos, provinha, no mais aceite sentido etimológico, de “vilhano” (Pope, 1980) – camponês em castelhano. A temática relaciona-se com elementos campesinos e profanos e, aquando do seu aparecimento nos finais do século XIII ou princípios do XIV, não indicava qualquer origem de índole religiosa.
Apesar das influências que recebeu doutras canções – zéjel árabe, virelai francês e balata italiana – não perdeu as características de genuinamente peninsular, conservando os sentimentos e simplicidade expressos no texto e na música, embora na estrutura muito se assemelhem.

O vilancico, simples, popular e profano, foi a canção escolhida pelo povo que a cantava e dançava nas romarias e preferido pelos nobres para animar os serões da corte e palácios.

Pelo sentido místico que adoptou, foi aproveitado pela Igreja acompanhando, durante o século XV, os autos religiosos, primeiro fora e, depois, dentro dos templos e toma lugar nos actos litúrgicos durante a reza das Matinas, apesar da grande oposição da Igreja conservadora."

Como sempre a igreja aproveita o sucesso do profano e transforma-o em religioso. Teria sido assim com a Saturnália, festa pagã do tempo do império romano, mais tarde integrada pela igreja nas comemorações natalícias.

fontes: http://alemtunas.blogspot.pt/2016/07/tu-gitana-origens-e-autores-do-tema.html

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cancioneiro_de_Elvas

http://www.cancioneros.si/mediawiki/index.php?title=Cancionero_Musical_de_Elvas

https://cipem.files.wordpress.com/2007/01/05-2003-5-vilancicos-portugueses-do-sc3a9culo-xiv-ao-xviii1.pdf