quarta-feira, 30 de março de 2016

TESTEMUNHOS DE UMA VIDA

Súmula do que foi o evento dedicado a Rui Pato​ em TESTEMUNHOS DE UMA VIDA, realizado na AJA NORTE a 5 de Dezembro de 2015.

Nestes cerca de trinta minutos, procurei realçar alguns aspetos desse evento mas, nesta versão resumida, muita coisa ficou por ser focada, já que a versão original tem cerca de 2h19'.

Fica o essencial e, mais uma vez, OBRIGADO RUI PATO e à AJA NORTE na pessoa do Paulo Esperança, pelos TESTEMUNHOS que por esse Núcleo tem passado.



segunda-feira, 28 de março de 2016

Zeca em Coimbra - «Num mundo pequeno cresci»

Casa da tia Avrilete

Das águas-furtadas que se avistam da Avenida Dias da Silva, a janela sobreposta pertencia ao quarto do Zeca (112, número actual da porta de entrada). Desdobrava-se entre aquelas duas áreas superiores, o segundo andar e a mansarda - ligados - o pequeno mundo onde cresceu, com o seu espaço circundante e excêntrico igualmente pequeno, abrindo-se sobre a encosta. O verso é dele, algures num poema: «num mundo pequeno cresci.» * (1)

*Pardal Velho

Pardal velho
Morre à sede
Num mundo pequeno
cresci

Bolor no retrato
Cotão na parede
Por lá rompeu o bicho
(e o monturo)

Cheios de ofícios
E manjares miúdos
Não comemos aqui

Lagos, 1957

“Ele não era aquele mito que muitas pessoas fazem crer. Era uma pessoa normal, mas um pequeno génio que só aparece de 100 em 100 anos”, descrevendo-o como uma “uma pessoa de carne e osso igual a milhares de estudantes que passam por Coimbra, com as suas ideias, manias e sonhos”. Andar com um saco de comprimidos para dormir e outro de comprimidos para acordar, sair de casa sem uma meia calçada, com um sapato castanho e outro preto ou levar a saia preta da mulher pensando que era a capa de estudante, são algumas das “manias” de Zeca Afonso" (2)

(1) - "José Afonso - Um Olhar Fraterno" de João Afonso dos Santos

(2) - http://www.portaldaveiro.co.pt/imprimir_noticia.aspx?id=76547

Fotos de Anália Gomes - 23 de fevereiro de 2016

quarta-feira, 23 de março de 2016

«Tinha mesmo vontade de cantar»

"Em Coimbra, ninguém sabe quando é que começou a cantar. Qualquer tipo que tivesse um bocado de voz, pouca ou nenhuma era imediatamente agarrado àqueles grupos que tu conheceste de serenatas. (...) Havia um mecanismo muito interessante, não sei se vem da burguesia ou se vem da nobreza, quando um indivíduo estava interessado por uma rapariga (...) convidava o amigo que sabia cantar. E esse sujeito, depois, fazia a homenagem amorosa, mandatado pelo outro. Era muito frequente. Em parte, nessas serenatas, a incumbência que me era atribuída era essa... de adoçar o indivíduo para a dama dos seus sonhos"


Entrevista de José A. Salvador (na foto) a Zeca Afonso.

quinta-feira, 10 de março de 2016

"Estórias" ao acaso

Zeca em Braga

"Certa vez, num 28 de maio, o Zeca foi a Braga, integrado numa delegação de estudantes de Coimbra - os transportes e a bucha, para tais eventos eram de borla.
Grande manifestação ao Marechal Carmona, que a Propaganda sugeria como o "avozinho da Pátria" (o "pai" era Salazar:casado com a Nação). Às tantas, na euforia preparada, o "avozinho" é arrebatado ao protocolo e erguido, bem ao alto, pelos estudantes, entre eferreás!
Zeca no dia seguinte, chegou às aulas ainda emocionado: tinha participado na elevação. Que gozo! "Ó Zeca, não laves essas mãos que estão bentas de lhe tocarem!" dizíamos nós. Anos mais tarde, quando se lhe falava do assunto - "Ó Zeca, e quando andaste com o Carmona ao colo?!" - nem queria crer." (1)

Zeca no Casino Afifense

"A prisão de Gungunhana foi pretexto para um baile grandioso, mas, em 1969, em plena greve de estudantes de Coimbra, José Afonso veio ao casino cantar Os Vampiros, com uma guarda de sete pides à porta. Camilo Ramos, então estudante de Direito em Coimbra, e um dos mentores da iniciativa, foi chamado à polícia sob suspeita de ter canalizado dinheiro para os grevistas a coberto do cachet de oito contos do Zeca." (2)

Na mesma altura Zeca atuou no Monte de Santo António (Afife), que coincidiu com o dia em que o homem pisou o solo lunar e por tal vieram ver esse passo importante à televisão do Casino. Então Camilo Ramos e o José Avelino, contaram como funcionava a associação (Associação do Casino Afifense) e que os sócios pagavam uma quota. E este admirado frisou, que só pelo facto de se pagar uma quota em altura de pouco dinheiro, era muito bom." (3)

Num artigo de Paulo Moura na revista do jornal Público (26fev2006) vem esta prosa sobre a capacidade do Zeca se esquecer das coisas mais elementares:

“No dia combinado, nos finais de Janeiro de 1974, Zeca saiu de casa e esqueceu-se da guitarra. Voltou para a ir buscar e saiu de novo mas esqueceu-se das letras das canções. Voltou a casa. Saiu mas esqueceu-se do passaporte. Voltou e saiu de novo. Zélia [a mulher] levou-o à estação”. (4)

(1) - António dos Santos e Silva - Zeca Afonso antes do mito
(2) - http://www.publico.pt/portugal/noticia/um-casino-na-aldeia-1703020
(3) - http://afifedigital.blogs.sapo.pt/118752.html
(4) - http://industrias-culturais.blogspot.pt/2006/02/pgina-ao-lado-i-na-sua-coluna-de-hoje.html

Foto: Edição espanhola do álbum "Com as Minhas Tamanquinhas" - 1977

terça-feira, 8 de março de 2016

8 de março - Dia Internacional da Mulher

Músicas de José Afonso tendo a Mulher como tema principal.



Zeca Afonso, Carlos Paredes e Mário Viegas participaram na Cooperativa Árvore no Porto em 8 de março de 1969

Fotos de Teodósio Dias.


Fotos de Sérgio Valente