segunda-feira, 17 de agosto de 2015

"Coro dos Tribunais"

Gravado no Pye Studios, de 30 Novembro a 8 Dezembro 1974. Saiu no Natal.

"No final do ano de 1974, "Coro dos Tribunais" marcava o regresso de Zeca a Londres.

Tradicionalmente um mercado muito protector dos seus músicos de estúdio, os sindicatos ingleses controlavam minuciosamente as fichas técnicas apresentadas para as gravações, impondo as suas próprias listagens de músicos profissionais disponíveis para cada um dos instrumentos. Acontece que Coro dos Tribunais teria uma das instrumentações mais simples da discografia de Zeca Afonso, cuja universalidade (violas, percussões, teclados) punha claramente em xeque a participação dos portugueses. “Não queriam deixar o Vitorino tocar piano porque havia pianistas em Inglaterra”, lembra Carlos Alberto Moniz. “Depois houve alguém, o Zeca ou o José Niza, que terá dito ao sindicato que era uma canção que só o Vitorino é que sabia tocar. Mas a música são só umas três notas...”.

Desconfiados, os ingleses chegam a pedir: “Nesse caso, escrevam a música”. Mas o lado português, “argumentos esfarrapados”, sorri Moniz, desculpa-se com a sua impreparação técnica para fixar a música em pauta. Perante a insistência na utilização de guitarristas, pianistas e percussionistas locais, Fausto faz uso de uma eficaz manobra de diversão, argumentando que se tratava maioritariamente de “instrumentos típicos portugueses que mais ninguém tocava”. “Os instrumentos eram de tal maneira tradicionais que eu tenho lá um solo de [órgão] moog”, ri-se Vitorino. “Era tudo construído in loco, mas atenção que tínhamos uma prática muito grande disso”. “Por vontade dos ingleses”, conclui Moniz, “ninguém de nós tinha tocado”.

Viriato Teles

Na ficha técnica uma curiosidade
Gases e Flatulências – Adriano*, Moniz*, Fausto*, Zeca*

Foto: Zeca, Fausto, Vitorino, Delaporte e Carlos Moniz.


A 3 de Novembro desse ano (1974), Zeca, Fausto e Carlos Alberto Moniz atuaram em Londres, na "Liga do Ensino e da Cultura Portuguesa"

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